Zimbabué anuncia novo sistema para fixar taxas de câmbio
O Governo do Zimbabué anunciou hoje que vai adotar um novo sistema de fixação de taxas de câmbio para a sua moeda, uma medida com que pretende abrandar a desvalorização do dólar zimbabueano e a grave inflação.
© Reuters
Economia Zimbabué
A medida, apelidada pelo executivo como Sistema de Câmbio Flutuante Administrado, pretende "estabilizar a taxa de câmbio [do dólar zimbabueano] e reduzir a inflação", referiu o ministro das Finanças, Mthuli Ncube, citado pela comunicação social do país.
"Há muito tempo que o Zimbabué não tem um sistema de câmbio transparente e eficiente", acrescentou Ncube, numa conferência de imprensa, onde lamentou o crescimento do mercado negro.
O ministro explicou que este novo sistema vai permitir que as divisas sejam "negociadas livremente entre bancos" e vai estabelecer "uma verdadeira taxa de câmbio".
A medida é uma das que o Executivo zimbabueano anunciou hoje.
Além deste sistema, o ministro das Finanças anunciou a criação de um grupo de trabalho apelidado "Força-Tarefa de Estabilização da Moeda" que será encabeçado pelo próprio Ncube e pelo Banco de Reserva do Zimbabué, incluindo ainda membros do Comité de Políticas Monetárias e do Conselho Consultivo Presidencial.
No início dos anos 2000, a expulsão de agricultores brancos resultou numa crise que levou à queda da moeda, à hiperinflação e a uma taxa de desemprego superior a 90%.
Por não conseguir controlar a desvalorização, em 2009 o regime do então Presidente, Robert Mugabe, abandonou a sua moeda e adotou o dólar norte-americano.
No entanto, a escassez do dólar resultou numa quase paralisação da economia do país.
Em 2016, o Governo tentou remediar a situação com a introdução de "notas de obrigação", títulos que teriam um valor semelhante ao dólar norte-americano, mas a falta de confiança dos operadores económicos levou à usa rápida desvalorização.
No ano passado, o executivo, agora liderado por Emmerson Mnangagwa, adotou a reintrodução do dólar zimbabueano, cujo valor continuou a cair face ao dólar norte-americano.
As dificuldades da economia motivaram a convocatória de vários protestos por parte da oposição.
Em janeiro, Nelson Chamisa, líder do principal partido opositor no Zimbabué, o Movimento para Mudança Democrática (MDC, na sigla inglesa), anunciou que recorreria a protestos para pressionar as autoridades.
"Este ano vai ser um ano de manifestações e ações", afirmou então Chamisa, que acrescentou: "É tempo de lutar pelo Zimbabué que todos queremos e por que temos sonhado. Venha o que vier, não ficaremos intimidados".
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