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"A paixão com que Bobby Robson treinava ficou-me na memória"

Técnico do Al Taawon recorda os tempos em que via os treinos do já falecido técnico inglês nos tempos em que estava no FC Porto. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, José Gomes fala ainda do interesse inglês e traça o objetivo para o final desta temporada.

"A paixão com que Bobby Robson treinava ficou-me na memória"

O nome de José Gomes tem sido associado ao futebol inglês. Atualmente ao leme dos sauditas do Al Taawon, o técnico português não esconde que gostaria de treinar em terras de Sua Majestade e recorda os tempos em que assistia aos treinos de Bobby Robson no FC Porto. 

No entanto, a época na Arábia Saudita ainda não terminou e José Gomes garante que ainda existem objetivos por cumprir. 

Nesta entrevista ao Desporto ao Minuto, o técnico que já passou pelo FC Porto e pelo Benfica, aborda o presente e o futuro sem fugir a nenhuma das questões colocadas. 

Primeiro que tudo, como está a correr este final de temporada? 

Podia estar a correr melhor, mas atendendo à dimensão do clube e à posição que ocupamos, e faltando uma jornada, podemos dizer que é mais uma época extraordinária tendo em conta a dimensão do clube. 

Que objetivos estão por conquistar?

Falta uma jornada, ganhando o próximo jogo - partindo do princípio que o Al Hilal vai jogar em casa o jogo do título e que pelo menos não perde - ficamos em quarto lugar que dará acesso à Liga dos Campeões [Asiática], o que é notável. Não me fica bem estar a dizer isto como treinador, mas para a dimensão deste clube voltar a conseguir uma classificação para a Champions é extraordinário. 

Já nota um crescimento no clube desde que chegou?

O clube tem um palmarés maior na II Liga do que na I Liga, portanto o grande objetivo seria sempre a permanência. O staff português que está a trabalhar comigo, quer como o departamento médico e clínico, tem sido fundamental neste processo. Ninguém ganha nada sozinho.

Essa 'comitiva lusa' é parte essencial no seu trabalho?

Sem dúvida. Havia e há no futebol saudita uma distância grande para aquilo que deve ser o profissionalismo num jogador de futebol e todas as pessoas que vieram ajudaram a alterar comportamentos. Com isto, os jogadores perceberam que tinham de fazer algumas alterações nos hábitos e mesmo na forma e intensidade como treinavam. De facto, todo o staff foi fundamental para que o clube conseguisse atingir o nível de hoje. 

Falando em termos culturais, como é que um português se adapta à realidade da Arábia Saudita?

Não vou dizer que isto é um mar de rosas. É evidentemente duro viver assim. Vamos lá ver... Eles têm coisas extraordinárias. São um povo que nos acolheu muito bem e que nos recebe bem em casa e que nos dão o melhor cabrito e as melhores tâmaras, mas é uma cultura muito diferente. Aqui a religião e os horários da reza são encarados de forma rígida, ao ponto de nestas alturas todo o comércio ter de fechar. Se nós estivermos no supermercado, eles fecham e ficamos lá dentro e não podemos sair nem pagar. Temos de esperar. Se for numa loja normal, põe-nos cá fora e só volta a abrir depois da reza. É uma coisa obrigatória, o peso da religião sente-se, é uma coisa permanente. Há mesquitas em todos os quarteirões, é uma coisa diferente, não estamos habituados. Em família, as mulheres têm de vestir as roupas sauditas e cobrir a cara, ficando só os olhos à vista. Não é uma coisa comum. Temos que nos adaptar e respeitar porque eles têm-me ajudado muito e fomos sempre muito bem tratados. Mas pronto, nós portugueses temos esta capacidade de nos adaptar às coisas diferentes. Temos esta grande capacidade da aceitação da diferença. Trazendo sempre a nossa bandeira e falando de Portugal sempre com muito orgulho. 

Por falar em Portugal, sente saudades? 

Sim, claro que sim! Em primeiro lugar da família e dos amigos e depois do nosso peixe e do nosso vinho. Vou com alguma regularidade matar saudades e muitas vezes vou diretamente do Aeroporto para o restaurante! (risos). 

E o futuro? Têm se falado num alegado interesse do futebol inglês... 

Sim, efetivamente há contactos para Inglaterra. Há contactos com vários clubes, mas há um deles que está mais avançado. Já foi notícia e é o Ipswich. Vamos ver o que acontece. Há apenas conversas e reuniões. Não há um contrato à minha frente para eu assinar. Há interesse e isso é bom. O futebol inglês, mesmo no Championship, é o sonho de qualquer treinador. A intensidade com que os jogadores jogam, a frequência com que se joga, o número de espetadores presentes nos jogos... É um fervilhar permanente de emoções e que acaba por se passar para os profissionais. Não só para os treinadores, como também para os jogadores. É um povo que respira futebol. O Ipswich é um clube histórico do futebol inglês. Se não me engano, passou por lá o Bobby Robson, um treinador que eu sempre admirei porque tive a oportunidade de ver dezenas e dezenas de treinos quando ele estava ao serviço do FC Porto. A paixão com que ele treinava ficou-me na memória. 

Há quem diga que o Championship é um campeonato muito competitivo... 

A incerteza é a beleza do Championship. A verdade é que das 24 equipas que iniciam o campeonato, 20 assumem-se como candidatas à subida. É uma coisa única e muita equilibrada. São muitos jogos, pouco tempo de recuperação e é preciso ter um plantel equilibrado. É um trabalho apaixonante para quem o está a realizar. 

É um desafio aliciante? 

Sim, muito aliciante! (risos). 

*Leia também a segunda parte desta entrevista. 

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