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"Quem questione a honestidade da arbitragem tem que ser condenado"

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Luciano Gonçalves explica quais as principais metas que pretende atingir na presidência da APAF.

"Quem questione a honestidade da arbitragem tem que ser condenado"

Luciano Gonçalves antecipou, em entrevista ao Desporto ao Minuto, aquilo que admite ser uma tarefa complicada na Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF). Entre a transparência no que toca à avaliação dos árbitros, passando pela utilização das novas tecnologias, o dirigente apela, ainda, à responsabilidade dos clubes.

Acredita que, com José Fontelas Gomes na presidência do Conselho de Arbitragem, haverá maior sintonia com a APAF?

Acredito que seja bom para a arbitragem. Mas convém ter a noção de que é natural que o Conselho de Arbitragem possa vir a ter algumas decisões que a APAF não concorde, e vice-versa. Estamos a falar de situações em que podem surgir discordâncias. Mas com pessoas de bem e com visões para a arbitragem iguais, essas situações serão diminutas. Isso irá facilitar a troca de ideias. Conversando iremos resolver essas pequenas situações que podem surgir.

Quais são as principais ideias que defende para o seu mandato?

O nosso projeto na APAF vai passar muito pela defesa das bases, ou seja, dos árbitros das distritais. Temos de valorizar esses árbitros para que, daqui a dois ou três anos, sejam os nossos árbitros de topo. Essa é uma das principais metas. Outra meta tem a ver com o regulamento da arbitragem. Precisamos de chegar a algo mais justo. A parte das condições dos árbitros e as questões de segurança também é muito importante, assim como a valorização da imagem do árbitro e a sua credibilização.

Por onde pensa começar?

Claramente temos de começar por cima, dar o exemplo, para que em baixo se comecem a ver os árbitros como uma parte integrante do jogo e não como um malfeitor de tudo o que acontece de mau no futebol. Está a passar-se muito essa imagem no profissional, o que, por inerência, não facilita em nada a vida nos distritais.

Isso passa por, como disse Pedro Proença, “penalizar quem não souber defender o futebol”?

Acima de tudo deve-se começar por fazer-se cumprir os regulamentos de disciplina quando existem comportamentos menos corretos dos agentes do futebol. Temos de saber separar as coisas. A crítica ao árbitro vai continuar, faz parte do futebol e não queremos que deixe de existir. Mas a crítica destrutiva, pondo em causa a honestidade de arbitragem, tem, de uma vez por toda, de ser condenada. O árbitro erra e vai errar sempre. Tentam cada vez errar menos, mas erram. O que não se pode aceitar é a crítica destrutiva e ameaçadora, que denigre a imagem do árbitro.

Isso poderá também passar pela aceitação das novas tecnologias ao serviço da arbitragem?

Tudo o que seja para defender a verdade desportiva é sempre bem-vindo. Convém também ter noção de que as novas tecnologias não vão eliminar o erro. Vão reduzi-lo, e bem, mas o erro humano vai existir. Por avaliações feitas noutros países, há uma redução de 25% no erro. Mas a APAF estará sempre de acordo com tudo o que seja benéfico para a arbitragem e para a verdade desportiva.

Qual é a sua opinião acerca da divulgação algo seletiva das notas dos árbitros?

Tudo o que venha a público que não seja por decisão de quem está à frente do Conselho de Arbitragem, não faz sentido. Não faz sentido virem a público notas de relatórios quando só alguns relatórios vêm a público. São fugas de informação que não devem existir. Nos processos cíveis também nada se sabe, é segredo de justiça. Aqui não se trata de ser segredo ou não. Deve ser público quando se decidir que são todos públicos.

E defende que as notas sejam públicas ou que se pare com essas fugas de informação?

Não devem existir segredos. Essa informação deve ser pública, mas deve servir, não para menosprezar o árbitro nem para o criticar, mas sim para a credibilização da própria arbitragem.

Os próprios árbitros não deveriam justificar as suas decisões em nome da transparência?

É obrigação da APAF proteger todos os árbitros. Não temos, nem queremos, defender a tudo o custo. Iremos sim defender o nome e a seriedade da arbitragem. A questão de falar no fim dos jogos… Sou de acordo, mas, antes disso, teria de haver uma grande mudança de mentalidades. Isso nada iria resolver enquanto enquanto pensarmos em usar o que os árbitros dizem contra eles próprios. Ainda não estamos preparados para esse tipo de discurso.

Está confiante com a equipa que conseguiu reunir para a APAF?

Sem dúvida. Tenho a melhor equipa que poderia ter a trabalhar comigo. Tenho a equipa que quis.

Duarte Gomes chegou a ser falado para a presidência do Conselho de Arbitragem. Foi fácil convencê-lo a ser mandatário da sua candidatura?

Assim que fiz o convite, tive o prazer de ser aceite. Só me posso dar como satisfeito. O Duarte Gomes é uma pessoa muito válida e que tem muito para dar à arbitragem portuguesa. Mais ano, menos ano, irá dar o seu contributo.

O que tem de acontecer para se sentir realizado com o seu mandato?

É uma boa pergunta. Venho das bases, sempre estive ligado ao associativismo, vim para a arbitragem através dos clubes. Sei o que é estar do outro lado e sei que muitas coisas podem acontecer. Muitas coisas têm de bater certo para que fiquemos contentes com o resultado final do mandato. Aquilo que me deixaria muito satisfeito era que cada vez tivéssemos mais seguranças nos distritais, que os árbitros desse escalão sentissem gosto a arbitrar. Gostava de chegar ao fim do mandato com a arbitragem credibilizada e com a classificação dos árbitros cada vez mais transparente.

Leia a primeira parte da entrevista de Luciano Gonçalves ao Desporto ao Minuto.

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