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"Os árbitros não se vendem à troca de um jantar"

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Luciano Gonçalves, futuro presidente da APAF, aponta alguns erros ao mandato de Vítor Pereira e faz a avaliação do corrente momento da arbitragem portuguesa.

"Os árbitros não se vendem à troca de um jantar"

Luciano Gonçalves, vogal da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), irá suceder a José Fontelas Gomes na presidência do organismo. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o antigo árbitro faz o balanço do mandato e perspetiva algumas mudanças para o futuro.

Que balanço faz do trabalho realizado pela APAF no último mandato?

Trabalhei quatro anos com o José Fontelas Gomes e faço um balanço muito positivo. Há muito a fazer, mas conseguimos alcançar muitos dos objetivos a que nos tínhamos proposto no início.

Como foi trabalhar com José Fontelas Gomes?

Quando trabalhamos com pessoas que têm os mesmos objetivos e a mesma visão para a arbitragem que nós, tudo se torna muito mais fácil. José Fontelas Gomes é muito profissional e muito metódico, isso facilita o trabalho.

Sente que irá assumir a presidência da APAF num momento especialmente delicado, tendo em conta as polémicas que têm assolado a arbitragem?

Ao longo dos anos a arbitragem foi passando por momentos bons e momentos maus. Este é certamente um momento em que todos os árbitros irão dar uma resposta muito positiva. Se precisamos de melhorar a nossa arbitragem? Claro que sim. Vai ser um desafio ser parte integrante nessa melhoria.

Uma das principais polémicas dos últimos tempos teve a ver com as alegadas 'ofertas de cortesia' a árbitros. Que comentário lhe merece?

É um assunto que não vou alimentar mais. É uma ideia errada. Os árbitros não se vendem à troca de um jantar ou do que quer que seja. Se se deve fazer ou não? É outra questão. A imagem que passou foi que os árbitros se vendem por um jantar. Não tem nada a ver, não é essa a questão. Se a nível jurídico é legal ou não, as instâncias de direito que decidam sobre isso.

Vítor Pereira devia ter tido um papel mais ativo nessa matéria?

Claramente que se devia ter parado e não deixado alimentar esta polémica.

Que avaliação faz do mandato no Conselho de Arbitragem?

É um dos melhores formadores de árbitros que temos em Portugal, se não o melhor. Enquanto dirigente de arbitragem, ficou aquém das expetativas, por vários motivos. Um deles tem a ver com o facto de ter trabalhado com uma equipa que não era a sua. Para uma pessoa que tem uma carreira brilhante como ele, enquanto dirigente, não conseguiu alcançar esse patamar.

A decisão de abandonar o Conselho de Arbitragem no final do mandato foi a mais adequada?

Sim, foi a melhor opção. Tanto para ele, pessoalmente, como para a arbitragem.

José Fontelas Gomes pode corrigir essas lacunas?

Irá, certamente, fazer o melhor possível e um trabalho com o menor número de erros possível. Mas vai errar, como todos nós nas nossas funções. Com a visão que tem, José Fontelas Gomes conseguirá, claramente, fazer um trabalho de união na arbitragem portuguesa. Conseguiu fazer uma grande equipa, que irá ter bons resultados.

Teme que todas as polémicas que se têm passado acabem por afastar as pessoas da arbitragem?

Ainda existem pessoas a querer ser árbitros hoje em dia. É, sim, cada vez mais difícil o recrutamento na arbitragem, tendo em conta a imagem que, fim-de-semana após fim-de-semana, passa do papel do árbitro. Torna-se mais difícil. Mas cada vez se trabalha melhor, existem melhores técnicos nas associações distritais, cada vez os árbitros têm mais vontade de aprender. O que deve ser melhorado é o grande défice que existe nos distritais.

Ainda assim, sente potencial na arbitragem portuguesa?

Existe potencial, não tenho dúvidas disso. Temos excelentes árbitros em Portugal. A nossa arbitragem tem muita capacidade, temos é de dar tempo para que eles possam crescer aprendendo. Atualmente, não damos esse tempo. Quando damos espaço a um jogador de 19 anos numa equipa principal e ele erra, nós continuamos a apoiá-lo. Na arbitragem não acontece isso, apenas internamente. Existe uma cobrança muito maior.

A duas jornadas do final do campeonato, o ambiente que se vive é bem 'quente'. Que mensagem deixa aos árbitros?

Digo-lhes, apenas, que confio em todos eles. Que façam o melhor e tentem errar o menos possível, porque o nosso sucesso também depende do sucesso deles. Que tentem fazer aquilo que melhor fazem, que é arbitrar bem.

Leia a segunda parte da entrevista de Luciano Gonçalves ao Desporto ao Minuto.

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