Emídio Guerreiro participou, em Rio Maior, numa conferência sobre a "importância económica do desporto", na qual foi apresentado o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido para a Conta Satélite do Desporto em Portugal e assinado um protocolo para criação de uma plataforma que junta a investigação, os organismos do setor e as empresas.

"Foi aqui apresentada a estratégia de abordagem da economia do desporto", primeiro com a "identificação e quantificação de toda a cadeia de valor do desporto, para que, depois, com dados concretos, se possam tomar medidas mais efetivas e mais concretas", disse à Lusa, destacando ainda o aparecimento da plataforma transfronteiriça para a inovação e saúde InSportHealth.

Esta plataforma, realçou, junta "todos os parceiros, desde a investigação científica e tecnológica, à inovação, aos órgãos de cúpula do desporto (comités olímpico e paralímpico, federação do desporto, IPDJ)".

A Conta Satélite do Desporto irá permitir, pela primeira vez, "aferir o que vale concretamente o setor", esperando Emídio Guerreiro que o resultado do protocolo assinado em 2014 entre o Instituto Nacional de Estatística e o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) "seja rapidamente concluído".

O secretário de Estado realçou o facto de dados da União Europeia apontarem para um Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor da ordem dos 1,76% (superior ao da agricultura, silvicultura e pescas) e um peso de 2,6% no emprego.

Fernando Tenreiro, o economista do IPDJ que está a trabalhar os dados, referiu que valores de 2010 apontam para um peso do setor de 0,4 no VAB (perto de 598 milhões de euros) e de 0,35% no emprego nacional (16.683).

O economista referiu que a Conta Satélite permitirá conhecer o VAB, o peso do emprego e qual o investimento e o financiamento (público e privado) no setor, realçando a necessidade de serem feitos mais estudos nesta área.

Fernando Tenreiro frisou o custo da inatividade física (59% da população portuguesa, 36% mulheres e 23% homens), que andará entre 664 milhões e 1,3 mil milhões de euros.

"São valores brutais", disse, frisando que o não investimento no Desporto gera gastos superiores na sociedade e, por outro lado, inibe o crescimento das empresas e organizações que dependem ou contribuem para o setor.

António Silva, da InSportHealth, afirmou que a plataforma se constituiu para funcionar como um "cluster transfronteiriço de inovação no desporto e na saúde" (já associada à Galiza), querendo intervir nos domínios da "performance desportiva" (desenvolvimento de equipamentos e materiais desportivos com impacto na performance), na saúde e bem estar e na eficiência das organizações (nomeadamente na qualificação dos seus técnicos).

A plataforma irá prestar serviços na área da inovação ("da ideia ao negócio"), na realização de eventos e comunicação, na formação e monitorização do capital humano e na preparação e apresentação de candidaturas e desenvolvimento de projetos, disse.

Emídio Guerreiro afirmou que tanto a Conta Satélite (nunca antes feita em Portugal) como a plataforma hoje apresentada constituem algo de "inovador", que "perdurará e frutificará".

A sessão culminou com um debate sobre as características e o impacto da indústria do desporto na economia portuguesa.