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"Portugal é o sítio mais consistente e com melhores ondas da Europa"

O Desporto ao Minuto falou com Joaquim Chaves, promessa do surf nacional que começa a ser certeza. O jovem natural da Costa da Caparica é o campeão nacional em título da modalidade.

"Portugal é o sítio mais consistente e com melhores ondas da Europa"
Notícias ao Minuto

07:50 - 10/04/24 por David Silva

Desporto Exclusivo

Joaquim Chaves, promessa do surf nacional, tem 20 anos e é campeão nacional de surf. Reclamou a primeira posição do campeonato nacional em outubro passado, numa vitória que não é habitual para um surfista tão jovem. Os resultados e a 'mentoria' de Frederico Morais, vulgo Kikas, o melhor português da atualidade, permitem olhar para Joaquim Chaves como um dos atletas mais entusiasmantes da modalidade em Portugal.

Cresceu na Costa da Caparica, onde começou a surfar com o pai, que também praticante da modalidade, depois de competir em ginástica acrobática, entre os sete e os dez anos. Atualmente, reside na Ericeira, um dos grandes epicentros do surf nacional. 

Agora, entre os principais praticantes, Joaquim Chaves procura renovar o título, mesmo debatendo-se com uma lesão. Revela, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, qual o seu maior objetivo e explica o porquê de Portugal ser o país da Europa com ondas "melhores e mais consistentes."

Irá acontecer em breve o Porto Pro, entre os dias 12 e 14 de abril, o segundo momento do calendário do campeonato nacional de surf, após o Figueira Pro. Quais são as suas expectativas? 

"Ainda estou a recuperar de uma lesão nas costas, mas tenho estado a um ritmo muito consistente, tanto dentro do ginásio como dentro de água, apesar de não ter tido o melhor resultado na primeira etapa da Liga MEO [ganha por Tomás Fernandes]. Também não estive na primeira etapa do ano passado, e consegui dar a volta e ser campeão nacional. As minhas pranchas são muito boas, tenho-as há pouco tempo, tem tudo para correr bem a partir de agora."

Quando e como aconteceu a lesão?

"Tive a lesão no Pro Portugal, em Peniche, e rodei uma vértebra que acabou por inflamar um disco entre duas vértebras, que causou uma vértebra discal. Já está muito melhor, numa fase muito mais avançada, já me sinto muito melhor do que na primeira etapa."

Em outubro passado, sagrou-se campeão nacional. Como foi a sensação de ser considerado o melhor do seu país com uma idade tão tenra? 

"Na verdade, o Kikas, o Vasco Ribeiro e muitos outros atletas mais velhos, durante muitos anos, dominaram a elite do surf nacional, durante 7 ou 8 anos. O título nacional andava sempre a rondar. Já há muito tempo que uma pessoa tão nova não o conseguia. Tê-lo conseguido foi, sem dúvida, uma grande sensação. É um grande motivo de orgulho, reflete o trabalho ao qual me proponho." 

   O Frederico Morais, para além de um grande amigo, é um exemplo

Vi que foi treinar recentemente ao Havaí. Costuma fazê-lo?

"É a minha terceira temporada no Havaí. Costumo ir sempre um mês e meio para lá. É um sítio particular, porque tem ondas muito mais fortes do que em qualquer lugar do mundo. Pranchas com formatos completamente diferentes daquelas que há na Europa. É muito importante ir para lá treinar, o máximo de anos possível. É muito raro haver alguém que queira competição que nunca tenha ido ao Havai e tenha boas prestações. Este é um ano muito importante, porque consegui estar junto do Frederico Morais, temos o mesmo treinador, o Richard March, e outros surfistas. É uma grande aprendizagem, viver as rotinas deles e respirar surf. Estar um bocadinho a sonhar na realidade do que é estar no topo do topo e visualizar aquilo que quero para daqui a uns anos." 

O que lhe diz Kikas? O que lhe diz sobre o seu futuro, que conselhos lhe dá? 

"O Frederico, para além de um grande amigo, é uma pessoa muito importante nestes últimos três anos, eu trato-o como um amigo, mas ele tem mais 11 ou 12 anos e muita tarimba competitiva. Um dos únicos surfistas portuguesas que estiveram no WCT [World Championship Tour]. A informação que me passa todos os dias é muito importante. Tem um foco muito grande. É um exemplo." 

Quantos surfistas conseguem viver exclusivamente dessa profissão em Portugal? Conseguimos produzir muitos surfistas, apesar de termos uma cultura desportiva virada para o futebol?

"Sem dúvida. Há a minha geração, o Kikas foi o melhor surfista português de sempre, e há uma outra de miúdos de 15 ou 16 anos que pode ser muito boa, temos surfistas muito fortes e dedicados. Pode haver uma revolução no surf nacional. Já temos surfistas como eu, o Guilherme Ribeiro, a Francisca Veselko, entre muitos outros que já estão incluídos no surf mundial, isso é, sem dúvida, uma afirmação de que temos todas as condições para representar o surf nacional."

Vi uma entrevista sua em que admitiu que o mercado do surf está a "atravessar uma fase mais complicada", com muitos surfistas a fazerem criação de conteúdo para marcas. Porquê? 

"Hoje em dia, digamos que as marcas já não têm tanto orçamento para apoiar surfistas que treinam todos os dias para atingir os seus objetivos competitivos.  Eu sou um sortudo por conseguir os apoios que tenho e viver desta modalidade. Mas a realidade é que qualquer marca de surf procura muitos conteúdos que abranjam pessoas fora do surf. Sem dúvida que isso é muito importante para a promoção das marcas."

O surfista quase que acaba também por ser um modelo? 

"Não gosto de me autointitular influencer ou modelo. O meu único objetivo é competição, mas tenho a possibilidade de produzir conteúdo que as pessoas consomem e as marcas gostam. As marcas procuram um bocadinho para além da rotina de treino porque já há tantos atletas a fazerem o mesmo. Acaba por ser uma mais-valia."

Foi anunciado que, nos próximos dois, uma etapa do WCT irá continuar a acontecer em Peniche. Imagino que isso seja bom para os surfistas portugueses. 

"Certo. Tive a oportunidade participar no Mundial, este ano, consegui entrar através do campeonato nacional, foi uma experiência inacreditável. Espero conseguir o título nacional outra vez porque, sem dúvida, o Mundial é onde uma pessoa evolui, é junto dos melhores."

Somos privilegiados, em Portugal, pelas ondas que temos? 

"Portugal, na minha opinião, é o sitio mais consistente e com melhores ondas na Europa. França tem alguns sítios que podem ser quase tão consistentes como Portugal, mas Portugal é melhor, na minha opinião, tem ondas 'pedra', de 'areia', de esquerda, direita, ondas moles, levantadas, compridas, curtas, há tudo. 

Como descreve a sensação de apanhar uma onda que sempre sonhou? 

"Adoro dar tubos, ondas que deem para fazer manobras mais progressivas, a procura de ondas é constante e a sensação de chegar a um sítio no outro lado do mundo, porque as previsões estão boas e apanhar as ondas que estavámos à espera é a melhor sensação que um surfista pode ter. E quando estamos sós na água."

Onde gostava de surfar, qual o seu sonho? 

"Já explorei um bocadinho do mundo, mas há alguns que gostava de explorar. Gostava muito de ir à Namíbia, em Skeleton Bay, é uma esquerda toda em tubo, mas é muita específica, não é fácil apanhar essa onda. Gostava de surfar na África do Sul, acho que vou conseguir fazê-lo em julho. O meu objetivo principal é o WCT."

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