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"Amorim tem condições para continuar. 'Fazer a cama' é algo rebuscado"

Rúben Amorim encontra-se a viver a pior fase desde que chegou ao Sporting e nem Frederico Varandas tem escapado à associação ao atual mau momento. Em conversa com o Desporto ao Minuto, Rui Barreiro descartou o cenário de mau ambiente entre treinador e direção e aproveitou ainda para enaltecer o trabalho do jovem técnico.

"Amorim tem condições para continuar. 'Fazer a cama' é algo rebuscado"
Notícias ao Minuto

08:02 - 21/10/22 por Miguel Simões

Desporto Exclusivo

A atravessar uma onda de resultados mais negativa, Rúben Amorim tem recebido algumas críticas pelo trabalho desempenhado no Sporting, mas não é o único. Também a direção encabeçada por Frederico Varandas tem sido visada e chegou a ser recentemente acusada de "fazer a cama" ao jovem treinador, nas palavras de Miguel Cal, ex-administrador da SAD leonina.

Em conversa com o Desporto ao Minuto, Rui Barreiro, antigo conselheiro leonino, preferiu frisar a forma como o clube de Alvalade deve enfrentar as contrariedades e descartou qualquer cenário de mau ambiente ou desconfiança entre a equipa técnica e a direção dos verde e brancos.

Além disso, as questões relacionadas com as opções técnicas, tanto no início como durante os jogos, a par dos erros individuais cometidos, também foram alvo de comentário de Rui Barreiro, que desvalorizou ainda a venda de Matheus Nunes como um ponto crucial no insucesso dos leões.

"Aquilo que tem acontecido ao Sporting esta época não me parece que deixe algum sportinguista satisfeito, mas não acredito que algo possa estar a ser feito para complicar a vida ao Rúben Amorim", começou por dizer.

"Já sabemos que os treinadores e as direções vivem de resultados. Parece-me que o Rúben Amorim e a direção do Sporting estão francamente ligados e desejam o mesmo sucesso. Essa leitura de 'fazer a cama' é algo rebuscado. Tendo em conta a personalidade do Sporting e do próprio treinador, não creio que haja a intenção de um fazer isso e o outro permitir que aconteça. Não me revejo nessa leitura", vincou sobre o assunto.

Entre a irregularidade no campeonato, a perda de fôlego na Champions e a eliminação da Taça de Portugal, Rui Barreiro não hesitou em demonstrar que acredita na continuidade de Rúben Amorim, cujo trabalho não deve ser colocado em causa na eventualidade de ver o objetivo europeu ser travado.

"Julgo que, independentemente do que acontecer, Rúben Amorim tem todas as condições para continuar a ser treinador do Sporting. Obviamente que há a obrigação de passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Depois dos resultados que teve, apesar das derrotas com o [Olympique de] Marseille, tudo depende do Sporting. Há ainda dois jogos pela frente [visita a Londres e receção ao Eintracht Frankfurt] e espero que isso aconteça. Se não acontecer, não é por aí que se possa colocar em causa o trabalho do Rúben Amorim", atirou em relação ao que falta jogar na prova milionária.

Notícias ao Minuto Rui Barreiro abandonou o cargo de conselheiro leonino em 2016, numa altura em que Bruno de Carvalho liderava o clube de Alvalade.© DR supersporting.net  

"O objetivo do Sporting deve passar por participar consecutivamente na Liga dos Campeões e, para isso, tem de trabalhar bem no campeonato nacional para esse apuramento passar a ser mais vulgar. Claro que os sportinguistas querem sempre ser campeões, mas se olharmos para os gastos em matéria salarial nos três 'grandes', o Sporting está em terceiro lugar e conseguiu ultrapassar dificuldades", acrescentou o ex-conselheiro, antes de relembrar as conquistas do técnico: "O Rúben Amorim é um jovem treinador, ainda está a aprender e também comete erros, mas é um técnico cheio de talento e isso é reconhecido pelos sportinguistas por todos os troféus que levou para o museu."

Venda Matheus Nunes como ponto de rotura?

Questionado a abordar o peso da ausência de Matheus Nunes, já com a época em andamento, Rui Barreiro desvalorizou essa situação ao sustentar a lógica da "reinvenção" dos treinadores, além de não ter hesitado em recordar exemplos semelhantes nos principais rivais.

"Matheus Nunes? Se olharmos para os rivais, também verificamos casos semelhantes. O FC Porto, no ano passado, perdeu o Luis Díaz no inverno, que era um dos melhores jogadores do campeonato, mas foi campeão. Os treinadores têm de se reinventar face àquilo que é a necessidade dos clubes e as legitimas aspirações dos jogadores", frisou.

O antigo conselheiro leonino recordou ainda as palavras de Frederico Varandas ao defender que "a venda do Matheus Nunes ia pagar a contratação do treinador" numa altura em que o jogador ainda não dava nas vistas e realçou a importância de ver a direção e a equipa técnica encontrarem soluções para essas situações.

"O Sporting tem de perceber se os jogadores que tem dão resposta àquilo que é a necessidade da equipa. Se não for o caso, há que encontrar soluções, seja na formação ou fora [no mercado]. Não me parece que nenhum treinador goste de perder os melhores jogadores, mas também não me parece que não consigam encontrar soluções. Dei o exemplo do Luis Díaz no FC Porto, mas também temos o caso do João Mário no Benfica, que não teve um grande impacto com outro treinador [Jorge Jesus] e agora está noutro nível [com Roger Schmidt]", relembrou.

Notícias ao Minuto Matheus Nunes deixou o emblema de Alvalade já com o campeonato em andamento, precisamente antes das duas primeiras derrotas da equipa no campeonato.© Getty Images  

Rui Barreiro defendeu, por isso, que "reduzir os efeitos positivos ou negativos à saída do Matheus Nunes é redutor" e falou das opções atuais no plantel. "O Morita e o Ugarte, que já cá estava, são jogadores com qualidade também, assim como Mateus Fernandes, que é um jovem com muito talento. É preciso que, do ponto de vista coletivo, não se verifiquem erros individuais que têm acontecido e têm manchado os resultados", afirmou.

As opções técnicas, as críticas e os erros individuais

Desde que chegou ao Sporting, Rúben Amorim tentou impor as suas ideias e, fruto da personalidade vincada, não tardou em ver o reverso da medalha, com as críticas em torno das opções técnicas, algo que mereceu uma análise de Rui Barreiro.

"Todos nós somos treinadores de bancada. O que o Rúben Amorim deve fazer é meter os melhores jogadores em campo. Nem sempre as escolhas que faz agradam à plateia sportinguista. Eu próprio não considero que algumas sejam do meu agrado, mas isso não quer dizer que o Rúben Amorim esteja enganado", atirou sobre o assunto.

"O Sporting devia ter um ponta de lança, por exemplo, mas isso nunca fui considerado pelo treinador. Lembro-me da altura em que Matheus Reis chegou ao Sporting. Não achava que fosse uma boa opção e o Rúben Amorim insistia em colocá-lo a jogar", revelou o antigo conselheiro dos verdes e brancos antes de admitir que não estava certo: "Bem que me enganei. O Matheus Reis acabou por entrar no plantel, consolidar-se e ser um dos mais regulares face à insistência do treinador. Quem treina os jogadores tem uma maior capacidade de apreciação para fazer as suas escolhas", frisou.

Com base nisso, Rui Barreiro reitera manter a mesma confiança no trabalho do jovem treinador e deixou um desejo: "Não perdi a confiança no Rúben Amorim e acho que ele a merece. Se isso é para sempre? Não, até porque nós na vida não acertamos sempre. Espero que continue a acertar muito mais do que a errar, tal como os jogadores do Sporting. Não embarco na questão da rotura [da direção] com o Rúben Amorim."

"Ninguém está satisfeito com os resultados, mas há muito para lutar e melhorar, ainda por cima num campeonato atípico que vai parar para o Mundial [do Qatar]. Estou convencido de que a equipa técnica vai dar a volta para mobilizar os melhores recursos. Se são sempre os mesmos ou não, isso compete ao Rúben Amorim escolher", acrescentou.

Notícias ao Minuto Mau momento de Esgaio acentuou o tom de críticas dirigido... a Rúben Amorim.© Getty Images  

Sobre a insistência em Esgaio e o afastamento de Slimani, Rui Barreiro preferiu não detalhar nenhuma das polémicas: "Não quero particularizar os casos de Slimani, Paulinho ou Esgaio, porque são opções do treinador. Não me parece que haja alguma perseguição dos sportinguistas a esses jogadores, mas quando há erros individuais é natural que os adeptos se pronunciem."

"Não há nenhum adepto ou sócio do Sporting que fique satisfeito com a situação. O Rúben Amorim, enquanto técnico, continua a ter muito crédito junto dos sportinguistas, face àquilo que conquistou. E a própria direção do Sporting terá que analisar o que pode fazer para proporcionar as melhores condições, se é que preciso fazer mais alguma coisa", explicou antes de dar um exemplo em que as opções do técnico num jogo frente ao Tottenham acabaram por dar resultado. "Obviamente que pode ter havido alguns erros na comunicação do treinador ou nas próprias opções, mas isso acontece a qualquer um. Quem escolhe as equipas faz isso a pensar que vai correr bem, mas nem sempre acontece. Lembro-me, por exemplo, do jogo com o Tottenham em que o Rúben Amorim faz substituições cruciais, com as entradas do Paulinho e do Arthur [Gomes] a dar a vitória. Aí correu tudo bem. É o futebol", recordou.

Para rematar sobre a situação e projetar o futuro, Rui Barreiro vincou que "o melhor é falar para dentro do que falar para fora" e enalteceu a necessidade de "direção, treinador e adeptos perceberem que é importante puxar pela equipa" para ultrapassar os problemas, numa altura em que se avizinha um Clássico e uma oportunidade de recuperar pontos.

"Vamos ter agora aí um fim de semana em que, se o Sporting fizer aquilo que lhe compete, que passa por ganhar em casa [ao Casa Pia], vai certamente recuperar pontos para, pelo menos, um dos rivais diretos [FC Porto e Benfica]. Essa deve ser a postura dos sportinguistas nesse momento", finalizou.

Leia Também: Do céu ao inferno. Oscilação do leão causou pior registo na 'era Amorim'

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