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Virgílio Lopes quer jogadores do Sporting sem "embandeirarem em arco"

O "espírito solidário" dentro e fora dos relvados permitiu ao Sporting abrir a época 1981/82 da I Liga com 21 jogos sem perder, admite o ex-futebolista Virgílio Lopes, sobre um recorde igualado pelos 'leões' no sábado.

Virgílio Lopes quer jogadores do Sporting sem "embandeirarem em arco"
Notícias ao Minuto

09:50 - 03/03/21 por Lusa

Desporto Declarações

"O segredo é muito simples, mas não é fácil de encontrar e concretizar. É preciso ter um grupo muito bem definido, unido e disponível para trabalhar, correr e sofrer. Nesse ano, tínhamos isso e o Sporting este ano tem isso. É uma equipa que trabalha muito e na qual toda a gente se ajuda e confia no parceiro do lado", frisou à agência Lusa o ex-médio.

Há 39 anos, sob o comando do inglês Malcolm Allison, os lisboetas, com um ataque constituído por Manuel Fernandes, António Oliveira e Rui Jordão, só perderam pela primeira vez à 22.ª de 30 rondas, diante do Boavista (1-2), no Estádio do Bessa.

Para trás ficaram 15 triunfos, incluindo o da receção ao FC Porto (1-0, à 15.ª jornada), e seis empates, um dos quais diante do então campeão nacional Benfica (1-1, à oitava), com 47 golos marcados e 16 sofridos, num total de 36 pontos - as vitórias só valiam dois.

"Lembro-me da época, de ter corrido tudo muito bem, de termos uma equipa que era quase imbatível e um rolo compressor, e de termos conquistado o campeonato. Não me recordava sequer que tínhamos estado 21 jogos sem perder", confessou o ex-lateral direito formado em Alvalade, que apontou dois golos em 43 jogos nessa temporada.

Depois de ter perdido com a "sua besta negra dessa altura", o Sporting juntaria mais quatro vitórias, duas igualdades e outras tantas derrotas e totalizaria 46 pontos, contra 44 do Benfica e 43 do FC Porto, celebrando o 16.º e antepenúltimo título da sua história.

"Todos diziam que tínhamos Manuel, Jordão e Oliveira, mas, por muita qualidade que tivessem, e que era acima da média, os três sozinhos não conseguiriam ganhar os jogos. Essas coisas resolvem-se sempre pelo coletivo. Não há nenhuma equipa de futebol que tenha sucesso só porque tem um, dois ou três jogadores com muita qualidade", vincou.

Virgílio Lopes costumava atuar na linha defensiva quando se estreou pela equipa sénior dos lisboetas em 1976/77 e esteve emprestado três épocas seguidas ao Famalicão, para, com a chegada de Malcolm Allison, regressar e impor-se como titular no meio-campo.

Ao repartir espaços e operações com Ademar Marques e António Nogueira, ajudava a sustentar o propalado trio ofensivo, responsável por 53 dos 66 golos do conjunto do apelidado 'Big Mal', que trouxe "formas diferentes de lidar com uma equipa de futebol".

"Lembrei-me dele ao ouvir recentemente o Rúben [Amorim] dizer uma coisa acerca do [João] Palhinha. Disse que lhe diz muitas vezes que é um bom jogador com e sem bola e que o convence disso. Era um bocado a forma de funcionar do Malcolm: dar confiança a todos os jogadores, atribuir-lhes uma responsabilidade e deixá-los jogar", comparou.

Essa mistura de "competência, talento e muito trabalho" proporcionou a penúltima 'dobradinha' do currículo dos 'leões', assinalada pela goleada ao Sporting de Braga na final da Taça de Portugal (4-0), e o regresso imediato do técnico inglês ao seu país.

"Era uma forma de estar distinta do habitual e algo estranha para adeptos e comunicação social. No final, ganhou tudo o que havia para ganhar. Esta equipa do Rúben Amorim faz-me lembrá-lo. São personalidades muito diferentes, mas, no fundo, há ali um conjunto de processos e um entendimento do jogo e da competição muito semelhantes", defendeu.

Quase quatro décadas volvidas, o Sporting igualou o seu recorde de invencibilidade a abrir um campeonato, ao somar a quarta igualdade da edição 2020/21 no terreno do campeão nacional FC Porto (0-0), em jogo da 21.ª jornada, acompanhada por mais 17 vitórias.

"Equipa de 1981/82 mais virtuosa? Não me parece. Para mim, o talento está espelhado nos resultados. Por alguma razão esta equipa está há 21 jogos sem perder e talvez fique 22, 23, 24, 25 e irá por aí fora. Cá fora, temos a ideia de que é impossível alguém ganhar ao Sporting, mas, obviamente, lá dentro ninguém quer ouvir dizer ou pensar isto", notou.

Virgílio Lopes, de 63 anos, quer ver os 'leões' "com a cabeça no sítio" em busca de uma inédita série na receção ao Santa Clara, na sexta-feira, da 22.ª ronda, mantendo "aquilo que corre bem", sem "embandeirarem em arco ou ficarem bêbados com o sucesso".

"É uma equipa jovem, mas com miúdos com muita qualidade. Conheço-os todos e não podia estar mais satisfeito, porque o Sporting prepara-se para ser campeão nacional e algumas coisas que defendi que tinham de ser feitas estão a ser cumpridas", referiu o ex-diretor-geral da formação do clube e da academia de Alcochete, entre 2013 e 2018.

A liderança da I Liga, com 55 pontos, nove acima do Sporting de Braga e mais 10 e 13 do que FC Porto e Benfica, respetivamente, deve-se à "inteligência" de Rúben Amorim na junção de experiência com juventude para "construir uma equipa que possa ganhar".

"O sucesso das equipas depende muito da forma como reagem nas horas negativas. O Sporting passou por isso quando perdeu na Liga Europa [4-1 com os austríacos do LASK Linz] e na Taça de Portugal [2-0 com o Marítimo] e a reação foi irrepreensível. No dia em que voltar a ter um resultado adverso, creio que reagirá da mesma maneira", concluiu.

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