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"Nunca apanhei um grupo que acreditasse e amasse tanto o treinador"

Treinador português em entrevista à RTP poucas horas depois de ser condecorado com a Ordem Infante D. Henrique.

"Nunca apanhei um grupo que acreditasse e amasse tanto o treinador"
Notícias ao Minuto

20:41 - 30/12/19 por Notícias Ao Minuto

Desporto Jorge Jesus

Jorge Jesus concedeu, esta segunda-feira, uma entrevista à RTP poucas horas depois de ser condecorado com a Ordem Infante D. Henrique. 

O que mudou num ano: "O futebol dá-te sempre a possibilidade de dares passos em frente. A decisão de escolher o Brasil não foi fácil. Até o meu agente não estava muito de acordo porque o Brasil é um país que despede treinador com três ou quatro jogos. Não havia nada no Brasil que projetasse a minha carreira. Eu pensava ao contrário. Tivemos a possibilidade de treinar no Brasil. Primeiro o Vasco, o Atlético Mineiro e depois o Flamengo. Aí não hesitei. E não hesitei porque já conhecia o Flamengo. É um dos maiores clubes do mundo em termos de adeptos. Depois havia a possibilidade de chegar a um campeonato do mundo de clubes via Libertadores, que é uma competição tipo a Champions na Europa. Esse foi um desafio que abracei logo. A minha grande prioridade era ser campeão no Brasil e comecei a perceber que para eles era importante ganhar a Libertadores. Era super pressionante em função do ano de 1981. Foi uma geração que não viu o Flamengo ganhar uma Libertadores. Tivemos a felicidade de ter ganho os dois objetivos." 

Confiança: "Com uma certeza não, mas vou com confiança. Quando o Flamengo me contrata eu estou em Espanha na final da Liga dos Campeões e dou uma entrevista na qual digo se o Liverpool for vencedor iria para o campeonato do mundo."

Algo de novo no Flamengo: "Pensei na equipa e no valor da equipa do Flamengo. E depois pensei na qualidade do nosso trabalho. Juntei a valorização individual dos jogadores com a nossa valorização. Foi esse o princípio que me norteou. Quando tomo a decisão ligo para a minha equipa e digo: 'Preparem-se, que vamos para o Brasil, mas primeiro quero almoçar convosco'. Almocei com eles em Setúbal e disse que iríamos ganhar a Libertadores para estarmos no campeonato do mundo e vamos ganhar o campeonato brasileiro. E disse isto antes de chegar ao Brasil. A minha convicção já era total."

Qualidade do plantel: "Sentimos que tínhamos jogadores com talento que dentro do campo iriam transportar tudo aquilo que era a nossa ideia do jogo. Apresentámos uma nova ideia de jogo próximo daquilo que eles dizem que era o futebol brasileiro dos anos 60 e 70."

Método pessoal: "Eu sempre disse que toda a nossa forma de trabalhar foi criada por mim. Eu sou um criador. Fui criador do meu treino durante 30 anos. Os meus jogadores sabem que sou diferente a trabalhar. Eu sou diferente dos outros e sempre fui. Sou um criador dos exercícios. A minha ideia de jogo foi fomentada pelas minhas ideias. Agora, não te podes esquecer que trabalhas com pessoas. Não são jogadores, são pessoas com sentimentos que erram. Com os anos, torna-se mais fácil partilhar as nossas ideias. A força do êxito foram os jogadores. Eles acreditaram cegamente na nossa proposta." 

Preparação da equipa: "Tu podes ter boas ideias, mas se os jogadores não acreditarem em ti, esquece, não vai dar certo. É aqui o segredo do sucesso do Flamengo. Os jogadores acreditaram que éramos diferentes. Tudo isso tornou mais fácil o treino e depois, por sua vez, tornou-se mais fácil ganhar." 

Diferenças no balneário: "É completamente diferente de onde eu trabalhei. O povo brasileiro é religioso e todos os jogadores têm fé naquilo que é a religião. Isso faz com que se torne num ambiente muito solidário. Isso facilita o meu trabalho. Nunca apanhei um grupo tão bom que acreditasse e amasse o treinador, que é difícil. Hoje digo amar. A gente cá diz que gosta e para disso isso é um problema muito grande. É um povo completamente diferente do nosso." 

Reação dos portugueses: "As pessoas não se interessaram pelo Flamengo pela componente do futebol. Os portugueses acompanharam o Flamengo pela história entre Portugal e Brasil. Se eu fosse campeão em Inglaterra, em Itália ou em Espanha, as proporções não seriam iguais. Eu quando andava a estudar, os meus professores diziam que o Brasil era o país irmão. O futebol não foi o sinal maior, o sinal maior foi a cultura e a história de Portugal e do Brasil." 

Flamengo: "Tenho contrato até maio e vou cumpri-lo. Desportivamente o que é que me pode fazer mudar de clube? Contra a melhor equipa do mundo, que é o Liverpool, provámos que o Flamengo é igual. Isso comprova a competitividade do futebol brasileiro. Vou mudar do Flamengo para a Europa [para um clube] que me dê possibilidades de lutar pela Champions? Aí, vou pensar. A partir daí..."

Portugal: "Gosto mais de Portugal depois de ter estado lá fora. Cada vez mais dou valor ao que é português, cada vez mais compreendo os adeptos do Benfica e do Sporting quando íamos para fora [de Portugal]. Hoje percebo isso muito bem. Mas também quero dizer que eu nunca fui tão bem tratado desportivamente em qualquer país, incluindo Portugal, como estou a ser no Brasil." 

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