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Encenação de João Garcia Miguel aborda papel da mulher no tecido social

A redefinição de 'Medeia' e do papel da mulher, no tecido social, são questões recuperadas pela versão da tragédia, que a Companhia João Garcia Miguel estreia a 22 de fevereiro, no Teatro Ibérico, em Lisboa.

Encenação de João Garcia Miguel aborda papel da mulher no tecido social
Notícias ao Minuto

18:20 - 29/01/18 por Lusa

Cultura Medeia

'Medeia' é da autoria de Francisco Luís Parreira, a partir da tragédia homónima de Eurípides, abre a temporada de 2018 da companhia, é interpretada por Sara Ribeiro e David Pereira Bastos, tem figurino de Rute Osório de Castro, encenação de João Garcia Miguel e conta com música original de Mário Laginha, interpretada ao vivo.

A Companhia João Garcia Miguel põe em evidência a relação entre o passado e o futuro e levanta questões que considera estarem subjacentes à obra de Eurípides - o papel do feminino e a perda do seu poder simbólico, com a transição de uma sociedade matriarcal para outra, de caráter patriarcal, a redefinição do tecido social e político, que daí advém, e a transparência das relações interpessoais, além de entre outras questões que se prendem com a emigração e o estatuto do refugiado.

"É neste sentido que a obra mantém atualidade e pertinência" no mundo contemporâneo, escreve a companhia, na apresentação.

O enredo cruza paixão, traição e vingança.

Medeia, filha do rei da Cólquida, apaixona-se por Jasão, apoia-o na conquista do velo de ouro, contrariando o pai, salva-o e foge com ele para a Grécia.

Depois de anos de casamento, Jasão troca Medeia por Gláucia, filha de Creonte, rei de Corinto. Para a proteger, Creonte envia Medeia e seus filhos para o exílio. Incapaz de controlar a inveja, Medeia vinga-se e impera a morte: mata a amante de Jasão e os seus próprios filhos -- os filhos de ambos -, deixando que Jasão sobreviva.

A Companhia João Garcia Miguel recorda que a tragédia levanta "uma questão central sobre os protagonistas da História e a vida dos indivíduos", componente que considera determinante "na abordagem da obra, em busca das sombras que nos moldam o ser".

"Eurípides é o primeiro dramaturgo que coloca Medeia como assassina dos próprios filhos", escreve a companhia, na apresentação. Numa versão mais antiga, era a rainha de Corinto e os seus súbditos, descontentes, que teriam morto os seus filhos.

"Medeia, em grego Mideia, significa 'a do bom conselho' e, durante muitas tradições, ela é apresentada como dotada de inteligência superior. Um dos seus poderes mais conhecidos era o de rejuvenescer, que conjugava o poder sobre a morte, o poder sobre a vida e sobre o renascimento", recorda a companhia.

As lendas mais antigas tinham um final mais feliz para Medeia e Jasão. Há versões que contam que Medeia rejuvenesceu Jasão, homem envelhecido. Há ainda a história de que os Corintos subornaram Eurípides, para que ele os livrasse das culpas de terem morto os filhos de Medeia.

A figura de Medeia, nas diferentes lendas, é ambivalente e é símbolo de um período de transição do matriarcado para o patriarcado, recorda a companhia. Passa de deusa da cura e da sabedoria, para feiticeira ameaçadora e poderosa e, por fim, para mulher ciumenta e infanticida.

Assim, "a feminilidade e, principalmente, a feminilidade dotada de poder, foi desvalorizada e vista como demoníaca, na mesma proporção do crescimento do poder patriarcal", escreve a companhia, na apresentação da obra.

'Medeia' tem estreia marcada para 22 de fevereiro às 21:30, no Teatro Ibérico, seguindo-se mais cinco sessões neste palco de Lisboa, de 23 a 25 de fevereiro, e de 28 de fevereiro a 01 de março, sempre à mesma hora.

Ao longo do primeiro semestre, a companhia vai levar 'Medeia' a outros palcos do país.

A 02 de março, será representada no Convento S. Francisco, em Coimbra, a 14 de abril, no Cine-Teatro de Torres Vedras, a 28 de abil, no Teatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, a 13 de maio, no Teatro Aveirense, em Aveiro, e, a 01 de junho, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria.

De 11 a 18 de fevereiro, a companhia vai estar em residência no Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, em S. Miguel, Açores, onde, no dia 17, haverá um ensaio aberto ao público, durante o qual se falará sobre o trabalho desenvolvido, segundo fonte da companhia.

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