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Temática do racismo terá vários debates na FLIP

A curadora da 15.ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) disse, em entrevista à Lusa, que este ano o evento tem um viés político porque o racismo será tema de diversos debates entre os autores convidados.

Temática do racismo terá vários debates na FLIP
Notícias ao Minuto

17:30 - 26/07/17 por Lusa

Cultura Literatura

"Não quero de nenhuma maneira dizer que a literatura não está em primeiro lugar, mas se você pensar que esta é a primeira FLIP que trata de modo nítido, em várias mesas, a questão racial, acho que fazemos um evento com um sentido político muito grande", disse a curadora da FLIP, Joselia Aguiar.

Na avaliação da curadora, realizar um evento todo centrado em literatura é uma forma de resistência, principalmente agora que o Brasil passa por uma crise política e económica.

Joselia Aguiar lembrou, porém, que além dos brasileiros que podem fazer manifestações políticas em suas falas, a programação tem autores estrangeiros que, de alguma maneira, fazem referências em suas obras sobre alguma questão racial ou política do país em que vivem.

"Embora a gente tenha o objetivo de falar sobre literatura, na FLIP o tempo todo será possível tratar de questões políticas do Brasil e do mundo", afirmou a curadora.

"Não trataremos das questões [políticas] do Brasil de uma maneira direta porque é um evento literário, mas os autores estão totalmente livres para falarem o que eles quiserem", afirmou.

Sobre os autores lusófonos que estão na programação principal da FLIP, a curadora ressaltou algumas características individuais dos escritores presentes.

Joselia Aguiar citou que a escritora angolana Djaimilia Pereira de Almeida, que dividirá uma mesa com uma nova geração de novas autoras mulheres, inaugurará uma temática de mesas de debate que não havia acontecido nas edições anteriores da FLIP.

"Não tivemos ainda uma mesa de jovens autoras que fossem mulheres, geralmente eram autores homens. (...) A Djaimilia traz a questão racial, da identidade negra com ela [no romance] 'Esse cabelo'. Sua obra chega em um momento em que o Brasil quer ler mais autoras mulheres e negras", destacou.

Falando da presença de Luaty Beirão, ativista e autor angolano que também estará presente na programação principal, a curadora destacou a correspondência de algumas experiências de vida em comum dele com o escritor brasileiro Lima Barreto, homenageado este ano pela FLIP.

"O Luaty Beirão fez um diário na prisão e isto tem relação [com a história de vida] do Lima Barreto porque ele fez um diário no hospício. O Lima Barreto não era louco, mas passou temporadas no hospício porque tinha problema com o alcoolismo. (...) Isto não deixa de ter relação com algum um tipo de prisão", explicou.

Joselia Aguiar continuou frisando que ambos, Luaty Beirão e Lima Barreto, passaram pela experiência do confinamento e ao mesmo tempo conseguiram se reinventar e ter um certo domínio daquela situação pela criação literária.

Já o autor português Frederico Lourenço, que fez uma tradução da Bíblia do grego diretamente para o Português, irá debater as possibilidades da tradução entre línguas separadas por séculos, mas, segundo a curadora, também entra num eixo temático de narrativas que perpetuaram o tempo.

"Com ele trataremos a ideia da literatura na língua. Ele traduz do latim e do grego que são origens da tradição língua portuguesa. Frederico Lourenço traz aquilo que é a origem da tradição da história ocidental e estará em uma das mesas em que trataremos da questão dos mitos, das origens das histórias das narrativas antigas que renascem e viagem no tempo", avaliou.

"O tratamento que ele dá a Bíblia é um tratamento de documento literário histórico", concluiu.

A 15.ª edição FLIP acontece em Paraty, cidade que fica no litoral do Rio de Janeiro entre hoje e domingo.

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