"A realização desta auditoria, num prazo curto, é indispensável para, com transparência, se mostrar à cidade os verdadeiros custos e benefícios da política seguida por Rui Rio e pela coligação PSD/CDS relativamente ao Rivoli. E de, perante os resultados dessa auditoria, se tomarem as medidas adequadas, doa a quem doer", refere a CDU/Porto em comunicado.

Em causa estão declarações do recentemente nomeado diretor artístico dos teatros Rivoli e Campo Alegre, Tiago Guedes, que numa entrevista afirmou que o Rivoli "não tem sido bem cuidado", tendo sido "deixado em muito mau estado pelo Filipe La Féria".

"Houve manutenções de equipamento que não feitas e mudanças estruturais que vão requerer obras de monta no final deste ano. O ideal era entregar a fatura ao Filipe La Feria e pôr-lhe o material que ele deixou no Rivoli à porta do Politeama. Mas isso não vai ser possível porque tudo foi feito com consentimento político", referiu Tiago Guedes, citado pela CDU.

Para a CDU, estas afirmações "confirmam os alertas" que "foi fazendo ao longo dos anos", sendo que a coligação Rui Moreira/CDS/PS, que atualmente gere a autarquia, "não se pode remeter a um silêncio cúmplice".

Considerando que em causa pode estar "a boa e transparente gestão dos dinheiros público", os comunistas recordam sempre ter manifestado "frontal oposição à forma como Rui Rio e a coligação PSD/CDS geriram o Rivoli Teatro Municipal", nomeadamente à forma como foi extinta a Culturporto, "lançando para o desemprego os seus funcionários e destruindo uma equipa competente com conhecimentos e experiência na gestão de equipamentos culturais e na organização e promoção de programas de animação".

Também muito criticada pela CDU foi a nomeação de uma comissão de gestão do Rivoli "envolvendo uma familiar do então vice-presidente da Câmara", assim como o "simulacro de concurso público para atribuição da concessão do Rivoli e que, face ao escândalo que essa situação causou, foi anulado" e "a entrega, por 'ajuste direto, do Rivoli a uma empresa gerida por La Feria, com condições principescas em que o município assegurava a totalidade das despesas de funcionamento, tendo como contrapartidas uma pequena percentagem das receitas de bilheteira".

Debaixo das críticas da CDU está ainda o "envolvimento de diversas empresas do universo municipal que adquiriram bilhetes de espetáculos distribuindo-os sem critérios conhecidos", para além da "forma como La Feria deixou o Rivoli, sendo pública a existência de dívidas a atores e a diversos fornecedores".

Recordando ter repetidamente tentado junto da autarquia "conhecer com maior profundidade a realidade do Rivoli", os comunistas acusam Rio e a coligação PSD/CDS de se terem sempre negado "a prestar informações tão simples como o montante das verbas pagas por La Feria ao Município do Porto, o custo e a responsabilidade pelo mesmo das obras de adaptação do Rivoli, o custo dos espetáculos adquiridos por empresas municipais e o teor dos relatórios mensais sobre o funcionamento do Rivoli que deviam ser redigidos pela sua gestora".

Com a auditoria à gestão do Rivoli Teatro Municipal os comunistas pretendem agora ver esclarecidos qual a "totalidade dos custos inerentes ao seu funcionamento e às obras entretanto realizadas no seu interior", como foram apurados os valores das receitas inerentes à cedência do espaço e quais as verbas "efetivamente cobradas e pagas".

A CDU quer ver também avaliada "a atividade desenvolvida pelas pessoas nomeadas para a sua gestão", assim como os valores pagos pelo município com a compra de espetáculos e/ou de bilhetes para espetáculos e os valores que se estima ter que despender para repor o Rivoli na sua forma original.