Atenas não espera acordo no Eurogrupo na próxima semana
O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, disse hoje que não espera que o Eurogrupo da próxima semana chegue a acordo quanto às medidas a adotar por Atenas em troca de ajuda financeira.
© Reuters
Economia Varoufakis
Em declarações aos jornalistas, depois de se ter reunido em Bruxelas com o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, o responsável pela pasta das Finanças no Governo grego afirmou que o Eurogrupo de 11 de maio será "mais um passo na direção de um acordo" com os credores oficiais, mas minimizou a possibilidade de um entendimento alargado.
"Teremos certamente uma discussão frutífera a 11 de maio que confirmará os grandes progressos que temos conseguido e será mais um passo em direção a um acordo final", afirmou apenas Varoufakis.
Responsáveis gregos estão esta semana a visitar várias capitais europeias com vista a tentar terminar com o impasse das negociações que se estão a desenrolar entre Atenas e os credores oficiais, de modo a chegar a um acordo que permita a Atenas ter ajuda financeira e evitar a bancarrota.
Hoje, Varoufakis reuniu-se de manhã com o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, em Paris, antes do encontro do início da tarde com o comissário europeu Moscovici. Ainda esta tarde, estará novamente na capital francesa para se encontrar com o ministro da Economia.
Já na quarta-feira, o ministro das Finanças grego viaja para Roma, para se encontrar com o seu homólogo italiano, Pier Carlo Padoan. Ainda esta semana seguirá para Madrid para se reunir com o ministro das Finanças de Espanha, Luis de Guindos.
O vice-primeiro-ministro grego, Ioannis Dragasakis, irá reunir-se hoje à tarde com o presidente do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt quando os bancos gregos se debatem com falta de liquidez e Atenas se confronta com limites à emissão de bilhetes do tesouro.
Desde fevereiro que a Grécia está a negociar com o chamado Grupo de Bruxelas - Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Mecanismo Europeu de Estabilidade - reformas estruturais e medidas de consolidação orçamental para que possa aceder à última 'tranche' do programa de resgate, de 7,2 mil milhões de euros.
Perante o impasse das negociações crescem os receios de que o país possa falhar pagamentos e, logo, entrar em incumprimento ('default').
O Eurogrupo que decorreu a 24 de abril em Riga (Letónia) era apontado como aquele em que deveria haver um acordo, mas a falta de entendimento nas negociações técnicas levou a que não houvesse qualquer avanço.
Aliás, nesse encontro dos ministros das Finanças da zona euro viveu-se mesmo um ambiente hostil, com vários ministros a mostrarem-se exasperados com a falta de avanços das negociações e mesmo com a atitude neste processo do ministro das Finanças grego.
Depois disso, foi remodelada a equipa negocial grega, que passou a ter como coordenador Euclides Tsakalotos, e as negociações parecem decorrer agora num ambiente mais desanuviado.
No entanto, os progressos ainda não são suficientes e hoje mesmo o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, afirmou-se cético sobre a hipótese de um acordo entre a Grécia e os credores nos próximos dias.
O nível de endividamento da Grécia e um eventual novo perdão de dívida voltou por estes dias a ser tema, depois de o Financial Times ter noticiado que o chefe de missão do FMI na Grécia, Poul Thomsen, terá falado aos parceiros europeus na necessidade de fazer uma nova reestruturação da dívida e ter ameaçado cortar a ajuda da instituição ao país perante os níveis incomportáveis de endividamento.
Dos 7,2 mil milhões de euros destinados à Grécia, cerca de 3,6 mil milhões de euros são do FMI e poderão estar em causa sem um novo perdão parcial da dívida.
Hoje, em conferência de imprensa na apresentação das previsões económicas da primavera da Comissão Europeia, o comissário Pierre Moscovici disse que conversas sobre dívida só poderão acontecer após haver um acordo sobre o plano de reformas a executar na Grécia.
Nas previsões de primavera, hoje divulgadas, Bruxelas reduziu drasticamente a previsão do crescimento do país helénico para 0,5% este ano, face aos 2,5% das previsões de inverno.
Mesmo este crescimento - "consideravelmente mais baixo", como nota a Comissão -- está "condicionado a um acordo com a UE e o FMI até junho" e "assume que a confiança empresarial regressa juntamente com a liquidez ao Governo e ao setor bancário".
[Notícia atualizada às 16h09]
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