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"O país está hoje amarrado às asneiras do passado"

Num programa dedicado à análise das contas públicas, nomeadamente a despesa social, Henrique Medina Carreira disse esta segunda-feira que o país “está amarrado às asneiras do passado”, afirmando que este nível de despesa social é insustentável. Sobre este ponto, defendeu o comentador da TVI que serão necessários cortes no Estado na ordem dos oito mil milhões de euros.

"O país está hoje amarrado às asneiras do passado"
Notícias ao Minuto

22:51 - 07/07/14 por Notícias Ao Minuto

Economia Medina Carreira

“As taxas sobem, mas as receitas nem tanto. Há uns que explicam que o Estado gastou de mais e outros, mais ligados à responsabilidade do 'estoiro', que defendem que foi a economia caiu. Hoje este governo está com dificuldades porque é difícil tirar nos salários e nas prestações sociais”, explicou Henrique Medina Carreira relativamente aos fatores que explicam a crise, alegando ainda que as orientações vindas de Bruxelas para se fazer despesa, não correspondem totalmente à verdade, uma vez que se subiu despesa, com salários e pensões, que dificilmente serão reversíveis.

“A preços constantes, a despesa subiu sempre, em 23 anos, com um grande salto de 2008 para 2009, e as receitas estão cada vez mais distantes da despesa. A despesa sempre foi acima da receita e por isso tivemos sempre défice. Em nenhum ano depois do 25 de abril tivemos saldo positivo”, explicou Medina Carreira, acrescentando que, na sua opinião “este país parece que não teve governação financeira nos últimos 15 ou 20 anos. Isto não foi instrução de Bruxelas, foi um relaxe total”, afirmou sobre este ponto.

Com eleições à porta, com um Estado Social que abrange grande parte do eleitorado, o professor disse à antena da TVI temer que se repitam os erros do passado, deixando a despesa social escalar novamente.

"Se não se sublinha isto, daqui a cinco anos está tudo esquecido e vêm aí um senhores e fazem isto tudo de novo. (…) isto não foi uma brincadeira ou um erro conjuntural. Foi alguma coisa que mudou a sociedade portuguesa por décadas [e] (…) o país está hoje amarrado às asneiras do passado”.

Sobre este tema, numa análise económica sobre os últimos quarentas anos, Medina carreira frisou que o “país andou a crescer 3% e a gastar em despesa social 6,6%”, razão pela qual considerou que “o Estado Social que foi criado é insustentável. Não há condições para sustentar este Estado Social. Quem diz o contrário mente e é um irresponsável”, disse, perentório.

Sobre as recentes afirmações que reclamam a reposição dos cortes realizados pelo Governo liderado pelo Executivo chefiado por Pedro Passos Coelho, nomeadamente face a afirmações recentes de António José Seguro, que disse pretender repor pensões, o professor disse que nem mesmo com uma reestruturação da dívida será possível ter uma situação mais cómoda.

“Quem é que vai resolver este problema, para além de alguns mentirosos que já prometem voltar às prestações sociais do passado? [Quanto à dívida,] vamos dizer não pagamos, mas no dia seguinte temos de ir lá fora pedir o dinheiro. Isto é uma alhada. Mesmo que se reestruturasse a dívida, não haja ilusões, isso não resolvia o problema. A despesa pública portuguesa tem de cair à volta de oito mil milhões. Não temos Estado que consiga sustentar 70 e tal mil milhões de despesa e estamos a gastar 80 mil milhões”.

Novamente, em alusão aos discursos de Passos Coelho e Paulo Portas, mas também António José Seguro, que já prometem um alívio dos sacríficios vividos pelos portugueses durante os últimos três anos, Medina Carreira revelou-se também bastante crítico, afirmando que os responsáveis políticos, ainda que com necessidade de ganhar eleições, terão de ser mais verdadeiros.

"Esta economia não paga esta despesa e só paga muito menos do que isto. A vida política portuguesa está erguida em termos de burla. Os grandes responsáveis políticos que intervêem na praça pública estão a burlar. As pensões não vão resistir e o pessoal vai ter de ser mexido. Ninguém tem mexido nisto por causa das eleições. Se a União Europeia desaparecer no prazo de um ano temos cá alguém que toma conta disto”, disse, em tom de aviso, relativamente à possibilidade de voltarmos a ter em Portugal um ditadura.

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