Dona da Airbus utiliza revestimento desenvolvido na Universidade de Aveiro
Um inovador revestimento desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) para a indústria aeronáutica vai ser utilizado pela empresa europeia de aeronáutica e de defesa EADS, dono da Airbus, anunciou hoje a instituição.
© Lusa
Tech Aeronáutica
Quando aplicado à fuselagem dos aviões, este revestimento inteligente repara, como se de pele se tratasse, pequenas rupturas resultantes de impactos mecânicos e ambientais sofridos pelos aparelhos durante o voo.
Segundo a UA, a empresa proprietária da Airbus prevê estar a voar no próximo ano com o revestimento desenvolvido pelo Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da UA.
"A funcionalidade de auto-reparação é introduzida nos aviões através dos nossos nano-contentores que são incorporados nas tintas utilizadas no revestimento dos aparelhos", explica Mikhail Zheludkevich, coordenador da investigação do grupo da Engenharia de Superfície e Proteção Contra Corrosão do CICECO.
Com esta abordagem, garante o investigador da UA, "a segurança, a performance e a sustentabilidade a longo prazo dos aviões podem ser significativamente melhoradas".
Além do grupo EADS, a UA refere que também há grandes nomes da indústria automóvel, das plataformas petrolíferas e das ventoinhas eólicas em lista de espera para aplicarem nos seus equipamentos este revestimento revolucionário.
A equipa do CICECO está ainda a trabalhar num outro revestimento inteligente para a indústria aeronáutica que liberta uma solução fluorescente à volta de fissuras resultantes de impactos mecânicos ocorridos quer durante a montagem quer durante a exploração das aeronaves.
"Estas falhas no material têm muitas vezes tamanhos microscópicos, mas são altamente perigosas se não forem detectados em terra, já que tendem a alastrar durante o voo", diz a UA.
A fluorescência tem a grande vantagem de, ao tornar visíveis a olho nu a localização das falhas do material, evitar que o avião siga viagem com uma imperfeição não detectada pelas equipas de manutenção.
Para além disso, adianta a UA, o tempo que o aparelho fica em terra para ser vistoriado com segurança é "drasticamente" reduzido, o que para as empresas de aviação representa uma melhor rentabilização dos aparelhos.
O CICECO prevê que dentro de quatro anos este revestimento inteligente com sensores de impacto mecânico possa já estar a sobrevoar os céus do planeta.
Os dois projectos da UA resultam da participação da academia nos projectos MUST e SARISTU, do 7.º Programa-Quadro da União Europeia, que têm como objectivo melhorar a competitividade da indústria europeia através do desenvolvimento de revestimentos inteligentes.
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