Essa autarquia do distrito de Aveiro diz não ter indicação do número de unidades industriais, estabelecimentos comerciais e serviços instalados no seu território de 147,3 quilómetros quadrados e é precisamente essa situação que o executivo camarário local liderado pelo CDS-PP quer inverter.

A nova base de dados online chama-se "Made in Vale de Cambra" (adotando uma expressão inglesa que literalmente significa "Feito em" Vale de Cambra) e tem como objetivo reunir numa mesma estrutura a informação mais pertinente sobre a oferta empresarial local, tornando-a acessível por "qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo".

Para José Pinheiro, presidente do município, a plataforma reflete também a "reunião de esforços das diversas forças da economia local que pretendem afirmar-se e divulgar as suas sinergias e mais-valias", até porque, como defende, só a cooperação permitirá a Poder Local, agentes económicos e população "ultrapassarem os obstáculos e as novas premissas deste complexo e desconhecido desafio global".

Se hoje as empresas e os profissionais independentes locais podem já começar a registar-se na plataforma instalada no site da Câmara Municipal, onde também lhes é pedido que respondam a um questionário sobre os efeitos que a pandemia do vírus SARS-CoV-2 teve nos seus negócios, na próxima semana esses recursos serão complementados com outra medida de combate às consequências económicas da doença.

"Será lançada a campanha 'Compre no comércio local', que apela ao consumo em Vale de Cambra e arrancará com uma ação de rua em que a autarquia irá visitar, uma a uma, todas as instalações comerciais do concelho, apelando ao registo na plataforma 'Made in' e auscultando de perto os anseios, as preocupações, as esperanças e até as novas soluções de sobrevivência que tenham surgido devido à covid-19", declara José Pinheiro à Lusa.

Criada e gerida por técnicos da autarquia, a nova plataforma será também divulgada "em ações de comunicação junto dos 'targets' identificados e ainda no mercado internacional".

O presidente da Câmara espera que essas iniciativas possam "impulsionar a economia local", porque um levantamento recente indica que "restauração, unidades de turismo e pequeno comércio foram as áreas que se ressentiram mais da covid-19", mas também se antecipam consequências negativas no setor secundário, considerando que "o grosso da atividade do concelho é a indústria", sobretudo a ligada à eletromecânica e à robótica.

"A partir dos resultados que conseguirmos com esta triagem - na plataforma, no inquérito e na campanha de rua - vamos ficar a saber quais as empresas com maiores dificuldades no contexto da pandemia. Depois, com a criação de novas condições para divulgação dessas empresas, qualquer agente económico local, nacional ou internacional passará a ter acesso ao que produzimos e comercializamos no município", conclui José Pinheiro.

O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 304.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 1,5 milhões foram já dados como recuperados.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1.190 óbitos entre 28.583 infeções confirmadas. Desses doentes, 673 estão internados em hospitais, 3.328 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

No caso específico de Vale de Cambra, a autarquia local registava quinta-feira à noite um total acumulado de 12 óbitos e 159 casos de infeção pelo SARS-CoV-2 entre os seus cerca de 25.900 habitantes, sendo que, desses doentes, 70 já foram dados como recuperados. Hoje, a DGS ainda atribui ao mesmo território um total de 153 diagnósticos confirmados.

O "Grande Confinamento" a que o planeta está sujeito para contenção da covid-19 levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos de existência: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona Euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, o FMI antecipa este ano uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9%.

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