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'Fire Emblem: Three Houses'. Estratégia, tática e (muita) personalidade

O mais recente jogo da já icónica série da Nintendo é também um dos melhores da Nintendo Switch.

A Nintendo sempre procurou lançar jogos e manter séries que pudessem ser desfrutadas por jogadores de todas as idades e géneros e – com jogos como ‘Super Mario’, ‘The Legend of Zelda’, ‘Donkey Kong’ e ‘Metroid’ – poucas dúvidas haverá em como a empresa nipónica foi bem-sucedida. Porém, ‘Fire Emblem’ sempre escapou a esta categorização.

O facto de ser um RPG tático sempre foi visto como um desafio à acessibilidade, como algo que afastaria os jogadores e, durante alguns anos, ‘Fire Emblem’ foi visto como uma série de nicho na Nintendo e apenas para fãs do género. Foi só com o lançamento de ‘Fire Emblem: Awakening’ em 2012 e para a portátil Nintendo 3DS que essa ideia foi finalmente desfeita.

Foi aqui que o mundo finalmente ‘despertou' para ‘Fire Emblem’ e abraçou a estética de animação japonesa e os combates táticos com as mais variadas personagens de classes distintas. A série continuou na 3DS por algum tempo mas foi com ‘Fire Emblem: Three Houses’ que os fãs da Nintendo voltaram a estar atentos.

Desta vez para a Nintendo Switch, uma das consolas mais populares de sempre da empresa japonesa, ‘Fire Emblem: Three Houses’ teve a oportunidade de almejar mais alto e o estúdio encarregue da produção – a Intelligent Systems – conseguiu levar a série para outro patamar. Sim, se esperava para saber se ‘Fire Emblem: Three Houses’ conseguiria estar à altura das expetativas, é com prazer que lhe damos a boa notícia. Porém, nem tudo é bom e por vezes o jogo acaba por se esquecer que nem todos têm a mesma experiência com o género.

Notícias ao Minuto© Nintendo

Mas lá chegaremos. Em ‘Fire Emblem: Three Houses’ o jogador toma controlo de um ou uma personagem de nome Byleth (editável, tal como o género) que ganha a vida enquanto mercenário. É quando dá de caras com um grupo de alunos que o jogador se encontrará com as três casas que dão o nome ao jogo: os Black Eagles, liderados por Edelgard; os Blue Lions, comandados por Dimitri; e os Golden Deer, com Claude à frente.

É pouco depois que o jogador será guiado a um mosteiro, a igreja central do mundo de ‘Fire Emblem: Three Houses’, sendo convidado para ser professor de uma das três casas. Esta é a primeira grande escolha do jogo e é também uma das mais importantes. Cada uma das casas dá-lhe uma perspetiva única da narrativa e, uma vez que cada delas corresponde a um dos três territórios do mundo de jogo – Fódlan – terá também uma visão muito clara da história por detrás dos acontecimentos.

Há também o facto de cada uma das casas lhe dar acesso a um conjunto único de personagens, cada um com as suas próprias personalidades, pontos fortes e fracos e motivações únicas. Conhecer estas personagens, dar-lhes aulas e ajudar a moldar os seus objetivos está entre os aspetos mais recompensadores de ‘Fire Emblem: Three Houses’. Aproximar-se de certas personagens e vê-las a ganhar mais confiança e a amadurecerem é o que o incentivará a passar horas a explorar o mosteiro à sua procura, entregar-lhes itens perdidos e conversar enquanto bebe chá, come, treina ou canta com eles.

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O desafio é saber o que fazer ou em que personagens se deve concentrar. Sendo um professor com aulas para dar é natural que tenha o tempo limitado, reservando apenas o domingo para certas tarefas limitadas por pontos de atividade. O número destes pontos só pode ser aumentado à medida que o seu nível enquanto professor também sobe, mas tal não é suficiente para fazer tudo. ‘Fire Emblem: Three Houses’ é um jogo que estará constantemente a fazer escolhas, sabendo que terá de prescindir de tempo para, enquanto jogador, deixar de focar na sua personagem e sim na sua relação com os outros.

E quando dizemos “outros” não queremos dizer apenas os alunos da sua casa mas também das restantes duas. O jogo permite-lhe interagir com os estudantes das outras casas, dando-lhe a oportunidade de conseguir recrutá-los caso exiba qualidades de combate e de personalidade que lhes agrade. Através de conversa, participação em atividades conjuntas, convidando-os para ajudarem em batalhas ou apenas focando-se em determinados atributos é mais que certo que consiga atrair membros de outras casas.

E atenção porque recrutar outros estudantes é algo que vai querer fazer ao longo do jogo, isto porque as restantes casas tornar-se-ão inimigas na segunda metade do jogo.

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‘Fire Emblem: Three Houses’ está dividido em dois actos: o primeiro em que o grande foco será conhecer as personagens e evoluí-las ao longo das respetivas classes; e um segundo em que, cinco anos depois, as três casas estarão em guerra e terá de lidar com cada um dos alunos que não recrutou.

Significa também isto que terá o tempo limitado e bem contado. Como já referimos, ‘Fire Emblem: Three Houses’ é um jogo com muitas escolhas e terá de ter a certeza que tem uma gestão de tempo e recursos eficiente para conseguir os seus objetivos. Eficiência é mesmo a palavra-chave, mesmo que por vezes seja algo difícil para novos jogadores.

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Ideal para veteranos, confuso para novatos

‘Fire Emblem: Three Houses’ é um dos jogos da série com mais opções para lidar. Com um elenco a rondar as 30 personagens para interagir, 45 classes para escolher(guerreiro, mago, padre, ladrão, cavaleiro, cavaleiro alado, etc), habilidades para selcionar, várias dezenas de armas e feitiços, batalhões de soldados, materiais e uma grande área para explorar, ‘Fire Emblem: Three Houses’ não é um jogo exatamente acessível do ponto de vista de ferramentas disponíveis.

O que precisa gerir está presente em vários menus diferentes e nem sempre saberá como se orientar. Pode tratar-se de um problema inerente a outros jogos do género mas, no caso de ‘Fire Emblem: Three Houses’, é estranho constatar que a Nintendo não conseguiu tornar os menus mais lineares ou explicar de certa forma a importância de escolher determinado caminho para cada uma das personagens.

Ao dar aulas, o jogador (e professor) terá de definir os objetivos para cada um dos alunos de acordo com as classes que pretenda seguir mais tarde. De notar que esta escolha tem de ser levada em conta a longo prazo, procurando tornar o processo o mais eficiente possível para que todos sejam úteis em batalha.

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Por exemplo, em vez de escolher treino com espadas e magia negra ao início, porque não focar-se em magia e tornar um aluno especialista nesta área? Eventualmente terá necessariamente de focar-se em mais áreas se quer classes mais avançadas mas, ao início, convém focar-se num número limitado para que os alunos se excedam em batalha. Todas as classes são úteis ao seu próprio jeito, apresentando vantagens e desvantagens que devem ser pensadas antes de escolher unidades para uma batalha, momento em que o terreno de jogo pode desempenhar um papel nesta escolha.

Entretanto, tem de ter cuidado para que os seus estudantes não entrem numa nova semana desmotivados ou então não os conseguirá ensinar como pretende. Esta motivação pode ser aumentada com presentes, itens escondidos (espalhados pelo cenário), boas conversas e partilha de refeições ou, no desespero, poderá optar mesmo por lhes dar o domingo de descanso. Mesmo que não seja recomendável, pode por vezes ser a sua única forma de motivar os alunos caso não tenha presentes ou forma de os motivar.

‘Fire Emblem: Three Houses’ não é um jogo particularmente difícil. As batalhas – organizadas numa grelha onde movimenta cada unidade para um quadrado – são acessíveis mesmo nos níveis mais elevados de dificuldade, com o único fator a colocar desafio a ser o modo Clássico, onde uma personagem morrerá permanentemente caso seja derrotada em batalha. Mesmo aqui está disponível o Divine Pulse, uma opção que lhe permite voltar atrás no tempo para corrigir qualquer erro que tenha cometido.

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Trata-se portanto de um jogo piedoso, o que só ajuda à sensação que o verdadeiro desafio para os recém-chegados ao género seja mesmo ambientarem-se à organização.

Porém, não nos entenda mal. Mesmo que não goste do género RPG tático, ‘Fire Emblem: Three Houses’ é um jogo em que se verá completamente absorvido, não só pelas personagens como também pelas batalhas. A isso muito ajuda a banda sonora que, mesmo que considere algumas músicas repetitivas, rapidamente se tornarão memoráveis. Não se admire se, de repente, dê por si a trautear o tema de batalha enquanto limpa a casa

O grafismo é apresentado com maior detalhe de sempre de 'Fire Emblem' e, para o provar, a Intelligente Systems permite-lhe fazer zoom no terreno de jogo para ver todo o cenário e personagens à escala real, tal como se também estivesse lá. Há alguns problemas, sobretudo na distorção do cenário de fundo quando as personagens falam umas com as outras mas, fora isso, ‘Fire Emblem: Three Houses’ é um jogo colorido com detalhe suficiente para não ter razões de queixa.

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Considerações finais

Em ‘Fire Emblem: Three Houses’ a equipa da Intelligent Systems conseguiu evoluir a série de uma forma que poucos previam. A aposta num ambiente escolar e o foco em dois tipos de jogabilidade – uma com vertente social e outra de combate – será automaticamente reconhecida pelos fãs do género como diretamente saída de ‘Persona’, algo que só abona a favor de ‘Fire Emblem’.

A seu favor, a Intelligent Systems conseguiu fazer algo que já havia tentado fazer em ‘Fire Emblem Fates’ na 3DS, oferecendo três campanhas (e uma quarta sob forma de extra) que oferecem perspetivas únicas em relação ao conflito, mundo de jogo e personagens. Mesmo depois de terminar o jogo com uma das casas, é praticamente garantido que ficará com a ‘pulga atrás da orelha’ para saber o que acontece nas outras campanhas e, pelo caminho, fazer escolhas ainda melhores e eficientes relativamente à composição da sua casa. Ao todo terá um jogo com uma longevidade superior a 150 horas, sempre com personagens, contextos e situações diferentes.

Certo é que terá sempre a sua casa preferida, criando uma espécie de clubismo saudável entre os jogadores de ‘Fire Emblem’, que conseguirão perceber que todo o conflito é uma questão de perspetiva e que, afinal, pode nunca haver um lado bom e mau e apenas isso: perspetiva.

O enredo avança a um bom ritmo e, mesmo que o primeiro ato possa ser visto como mais lento, vai certamente recordar com ‘nostalgia’ os tempos que passou com os alunos da sua casa. Não importa se escolhe Black Eagles, Blue Lions ou Golden Deers, todas as casas são autênticos triunfos que ajudam a cimentar ‘Fire Emblem: Three Houses’ como um dos melhores jogos da Nintendo Switch e um dos melhores do género.

Pontos fortes

- Elenco com dezenas de personagens jogáveis cheias de charme;

- Estrutura equilibrada com interação social e batalhas;

- Múltiplas campanhas com contextos e personagens diferentes;

- Várias classes e opções de estratégia para batalhas;

Pontos fracos

- Batalhas podiam ser mais desafiantes, mesmo em dificuldades mais elevadas;

- Menus nem sempre tornam o jogo acessível para novatos;

- Grafismo faz o seu papel sem particular brilhantismo;

Ideal para…

É fácil sugerir ‘Fire Emblem: Three Houses’ para todos os fãs de RPGs táticos. Mesmo que não seja tão difícil como outros jogos do género, estamos a falar de uma das séries mais mediáticas para os seus fãs pelo que valerá sempre a pena dar uma vista de olhos. No entanto, ‘Fire Emblem: Three Houses’ é um daqueles raros jogos pertencentes a géneros considerados de nicho que são recomendados para todos os que tenham a plataforma em questão, neste caso a Switch.

O modo portátil pode dar uma ‘machadada’ na resolução mas nada que o impeça de desfrutar de um jogo que, tendo ganho fama numa consola portátil, é tão bom jogado na televisão da sala como em viagem. Altamente recomendado e um dos melhores jogos do ano para a Switch e apreciadores de RPGs.

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