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Sapatos compensados para fazer crescer a economia "seria fantástico"

O primeiro-ministro bem gostaria que fazer crescer a economia fosse tão fácil como já é hoje aumentar a altura dos homens, com sapatos compensados, mas como alternativa aponta a aposta na inovação de que o calçado português é exemplo.

Sapatos compensados para fazer crescer a economia "seria fantástico"
Notícias ao Minuto

14:34 - 03/09/16 por Lusa

Política António Costa

"Se o crescimento económico fosse possível melhorando a palmilha do sapato, como vamos todos poder crescer quatro centímetros comprando sapatos com a palmilha adequada, seria fantástico. Infelizmente não é assim. Para que o crescimento económico exista é necessário ter uma visão não de curto, mas de longo prazo, e fazer o trabalho que estes industriais de calçado fizeram", afirmou António Costa durante uma visita à comitiva portuguesa de 98 empresas portuguesas que, de hoje a terça-feira, participam na feira MICAM em Milão, Itália.

Momentos antes, o primeiro-ministro tinha ficado a saber, no expositor de Luís Onofre, que a primeira linha de calçado masculino do empresário e criador de sapatos de São João da Madeira permitirá aos homens "ficarem quase quatro centímetros mais altos", com recurso a uma subtil compensação da sola, impercetível por fora.

"Isso é um sonho", admitiu António Costa numa referência aos sapatos que, depois, em declarações aos jornalistas, acabou por admitir que gostaria que fosse extensível à política económica.

Apontando a indústria portuguesa do calçado como "um setor exemplar do esforço que a indústria portuguesa fez de transformação, modernização e inovação", Costa justificou aquela que foi a primeira deslocação de um primeiro-ministro português à maior feira de calçado do mundo com o "orgulho" que a atual importância do calçado nacional é "para todos os portugueses".

"O trabalho que foi feito ao longo destes anos pela APICCAPS [Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos] é o trabalho que tem que ser feito em cada um dos setores industriais, para que nos modernizemos com base na inovação, na qualidade, no aumento do valor acrescentado do produto e possamos ser competitivos criando, simultaneamente, prosperidade partilhada para todos em Portugal", sustentou.

Para tal, salientou, impõe-se "uma estratégia integrada que começa no pré-escolar e acaba na formação universitária, na transferência deste conhecimento para a economia e na incorporação desse conhecimento em cada um dos produtos".

Alguns expositores mais à frente, durante a visita que, em passo necessariamente acelerado, fez à maior comitiva portuguesa de sempre na MICAM, o primeiro-ministro foi surpreendido por um outro exemplo de inovação no calçado nacional, ao apreciar um sapato da marca Tony Miranda fabricado com pele de robalo.

"Não sabia que a pele de peixe também dava [para fazer sapatos]", confessou António Costa, para logo a seguir ser informado que um outro produtor português de calçado já o fazia, mas com pele de bacalhau, o que o levou a considerar estar em causa toda "uma nova dimensão da economia do mar".

Adicionalmente, gracejou, "afinal já não há só 1001 maneiras de cozinhar o bacalhau".

Numa altura em que o país "precisa de exportar", António Costa reiterou querer estar "ao lado" do setor do calçado, que vende mais de 95% para o estrangeiro, mas sublinhou que "para exportar mais não tem que se asfixiar o rendimento dos portugueses e a procura interna".

"Esta ideia peregrina que episodicamente voltou de que podíamos voltar a ser competitivos com base no empobrecimento coletivo é uma estratégia absolutamente condenada ao fracasso. Não podemos apostar no empobrecimento, temos que apostar na qualificação, só assim podemos ir melhorando progressivamente os nossos rendimentos", afirmou, reafirmando a estratégia de reposição do poder de compra dos portugueses.

Antes de se juntar à comitiva nacional de empresários de calçado para um almoço organizado pela APICCAPS, Costa respondeu ainda à recomendação feita na sexta-feira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a Feira do Livro no Porto, para que quer o primeiro-ministro, quer o líder da oposição, Pedro Passos Coelho, lessem a tetralogia de Elena Ferrante "A Amiga Genial".

"A minha mulher já me tinha dado o mesmo conselho. Está a acabar de ler o primeiro volume e, a seguir, irei tentar começar, porque gosto sempre dos conselhos do senhor Presidente da República", disse.

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