Sousa Pinto falava à agência Lusa no final de uma reunião da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento português, a que preside, com uma delegação da União Nacional para a Independência Total de Angla (UNITA, maior partido da oposição), liderada pelo presidente desta formação, Isaías Samakuva.
"Sobre as dificuldades que têm vindo recentemente a público no relacionamento entre interesses angolanos na economia portuguesa e a forma como Portugal e Angola, países amigos que mantêm uma relação pautada por critérios de amizade, interesse mútuo e maturidade, entendemos que o processo de integração das duas economias é crescente", referiu.
"É um processo que tende a desenvolver-se e que vai desenvolver-se no interesse de ambas as partes e é perfeitamente normal que existam perspetivas e pontos de vista diferentes, de conflitos de interesse desta natureza, fazendo parte de um processo natural de maturidade e de aprofundamento da integração económica entre Portugal e Angola, que é positiva para os dois países", acrescentou Sousa Pinto.
Para o também dirigente socialista, como político, é do interesse de Portugal "diversificar economicamente o país".
"Acho que Portugal não deve estar exclusivamente virado para a Europa, onde tem um espaço privilegiado de integração económica e política, e que deve desenvolver, com uma estratégia nacional de autonomia, relações económicas com Angola", defendeu.
Já sobre a questão dos Direitos Humanos em Angola, Sousa Pinto reiterou a preocupação com a situação que estão a viver, por exemplo, os 17 ativistas, entre eles Luaty Beirão, que se encontram a cumprir penas que, disse, "são difíceis de compreender em Portugal".
"Portugal é um país que observa como regra o respeito pelas decisões judiciais de terceiros, em particular de Angola. Mas, para os portugueses, é muito difícil compreender que, por atos e ações que em Portugal não são criminalizadas, possa alguém estar na prisão a cumprir penas tão pesadas", sustentou.
Recusando comentar as críticas frequentes contra Portugal feitas em editoriais no estatal Jornal de Angola - "sobre o que diz um jornal, não vou fazer considerações de espécie nenhuma" -, Sousa Pinto insistiu na preocupação com a situação dos Direitos Humanos em Angola.
"Do ponto de vista dos direitos humanos, a prisão e a aplicação de sentenças tão pesadas a um conjunto de ativistas políticos que se dedicavam a atividades de livre associação, que estão inteiramente protegidas pela Constituição angolana e que são reconhecidas e lícitas em qualquer Estado de Direito, são motivo de preocupação para os deputados da Assembleia da República, para os da Comissão dos Negócios Estrangeiros e para os nossos visitantes, delegação da UNITA", concluiu.