O dia em que Passos foi a encontro comunista às escondidas
Aos 13 anos mentiu ao pai, António Passos Coelho, que estava prestes a tornar-se líder da distrital do PSD de Vila Real, para conseguir assistir a um congresso comunista.
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Política Primeiro-ministro
Pedro Passos Coelho tinha 13 anos quando assistiu a um congresso comunista, mas em segredo. O seu pai não poderia sequer imaginar que estava entusiasmado com a ideia, adianta o jornal i.
Paulo Rui era companheiro de Passos em Vila Real e os dois foram até ao congresso da União dos Estudantes Comunistas (UEC), em janeiro de 1978.
O amigo do atual primeiro-ministro era membro da comissão central da UEC e recordou o entusiasmo de Passos. “Isto é que é socialismo”, dizia o primeiro-ministro na altura sobre a ideologia comunista.
Não é segredo que Passos participou neste congresso, ele próprio chegou a afirmar que foi “atraído por aquele sentimento da esquerda de estar na grande marcha, sentir que se faz parte de uma coisa muito grande que muda o mundo. Foi também um gesto de rebeldia em relação a uma sociedade muito limitada como era, à época, Vila Real”.
O congresso demorou dois dias e Pedro e o seu colega tiveram de ser acolhidos por uns “camaradas”, mas tudo isto sem o pai saber.
“Para ir comigo foi um 31”, explica Paulo Rui, em declarações ao i. Na altura, o pai de Passos era assumidamente anticomunista. Foi por isso, que Passos teve de esconder a verdade e omitir que estava em Lisboa, mas rapidamente a sua irmã Teresa descobriu a verdade, assim como o seu pai.
“Ficou impressionado, até porque aqueles princípios, a ideia de justiça e de igualdade, eram atraentes para um jovem”, relata o amigo.
Após o regresso, Passos desapareceu por uns tempos. “Toda a gente sabia onde tínhamos ido e eu, por esses dias, ainda brinquei com o assunto: ‘Cá para mim, o pai dele já soube, e quando voltar já vem inscrito na JSD”, indica.
Bem dito, bem feito. Foi exatamente isso que aconteceu. Quando o adolescente com gostos diferentes dos seus colegas, desde música clássica a livros sobre o marxismo-leninismo, regressou já estava inscrito na JSD.
Para justificar a sua opção, o líder do Executivo argumenta que “as utopias são muito bonitas. Mas, como se tem visto, impraticáveis”. A partir daí não mais largou a JSD para orgulho o seu pai.
“A dada altura, ele tornou-se carreirista e o destino foi desenhado pelo pai para chegar até aqui. E bem desenhado”, termina o amigo de Passos, acrescentando que tinha a expectativa de que ele conseguisse chegar a primeiro-ministro, tal como aconteceu.
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