"Foi o único azar que tivemos ali em 30 e muitos anos. Fiz 4.839 inaugurações, houve um azar. Estamos a consertar um azar", afirmou Alberto João Jardim aos jornalistas à margem da discussão do Orçamento e Plano regionais para 2015, quando questionado sobre a resolução do executivo insular publicada no Jornal Oficial que atribui à sociedade da Ponta Oeste da Madeira mais 600 mil euros para a reconstrução dos paredões daquela marina, uma infraestrutura na qual já foram investidos cerca de 100 milhões de euros.
O governante social-democrata sublinhou que o projeto "tem de ser readaptado", argumentando que a marina do Lugar de Baixo "está sujeita a processo judicial": "O governo pediu indemnizações aos laboratórios, aos projetistas, porque aquilo tem que ser posto direito".
O responsável adiantou que o espaço "não vai funcionar como marina e também não vai funcionar como zoo, como queriam", e mencionou que neste tipo de projeto, entre outros aspetos, "poderia haver uma certa repercussão negativa em relação à utilização ali dos animais".
O líder madeirense assegurou igualmente que a marina "não vai encerrar e vai ficar para atividades náuticas e de lazer".
De acordo com a resolução publicada no Jornal Oficial, a homologação de 600 mil euros para a marina do Lugar de Baixo está abrangida pelo "Programa de Reconstrução da Madeira - Intempérie de 2010".
O projeto da marina do Lugar de Baixo, inaugurado em 2004, tem sido muito criticado na Madeira, visto que teve um custo inicial superior a 36 milhões de euros, mas devido à necessidade de frequentes obras de recuperação, na sequência de prejuízos provocados pelas tempestades na orla marítima, o montante dos investimentos já ultrapassa os 100 milhões.
As primeiras notícias de problemas com a estrutura - devido à força das ondas - datam de 2005, altura em que foi fustigada pelo menos cinco vezes.
Já em 2006, a marina foi interditada à população devido ao perigo de queda de pedras no local, decisão suportada por um parecer do Laboratório Regional de Engenharia Civil.
Este parecer mencionava ser impossível "garantir, com caráter definitivo e de forma perentória", que não ocorreriam quedas de pedras e derrocadas, dadas as características orográficas e geológicas de uma terra como a Madeira, porque tudo depende das condições de erosão e degradação da referida escarpa.
A marina foi construída com capacidade para 297 embarcações entre os oito e os 25 metros e foi aberto um concurso público para a subconcessão dos terrenos adjacentes para a construção de um projeto imobiliário pelo grupo Pestana.