Num projeto de resolução entregue na quarta-feira na Assembleia da República, a IL indica que "têm ocorrido em território português episódios preocupantes relacionados com a exibição de símbolos ligados à narrativa de guerra do regime russo".
"Entre esses símbolos encontra-se a fita de São Jorge (preta e laranja), as letras 'Z' e 'V' estilizadas, e outras variações que, atualmente, são utilizadas como marcas de apoio à invasão russa e à ideologia que a sustenta", lê-se no texto.
O partido refere que, em 2025, registaram-se em Portugal "vários episódios de provocação e agressão relacionados com esses símbolos", designadamente em Albufeira, "onde mulheres ucranianas foram agredidas por criticarem o uso desses símbolos durante uma marcha do chamado 'Regimento Imortal', e em Setúbal, "onde confrontos entre civis e marinheiros russos ostentando emblemas de guerra resultaram em 12 pessoas hospitalizadas".
"Estes episódios causaram compreensível alarme na comunidade ucraniana residente em Portugal, que se sente vulnerável à instrumentalização do espaço público para fins provocatórios e de apologia à guerra", adverte a IL.
Para o partido, "a ostentação ostensiva de símbolos ligados à agressão russa constitui, em muitos contextos, um ato de hostilidade moral e psicológica face a quem foi vítima direta do conflito".
"Face a esta realidade, vários países europeus -- como a Estónia, Letónia, Polónia, República Checa, Moldávia e diversos estados federais da Alemanha -- tomaram medidas para limitar a presença pública destes símbolos ou reforçar a sensibilização para o seu significado atual", indicam.
Nesse sentido, a IL recomenda ao Governo que "condene o uso de símbolos associados à agressão russa contra a Ucrânia -- como a fita de São Jorge e as letras 'Z' e V' -- enquanto elementos de propaganda de guerra ou de intimidação política".
O partido sugere também que se promovam campanhas de sensibilização, junto da opinião pública, "sobre o atual significado desses símbolos e sobre os riscos da sua utilização acrítica no espaço púbico, tendo em conta o sofrimento das vítimas do conflito".
Por último, a IL pede ainda ao Governo que "reforce os mecanismos de apoio institucional à comunidade ucraniana residente em Portugal, escutando as suas preocupações e assegurando que casos de provocação, intimidação ou discursos de ódio são acompanhados pelas autoridades competentes".
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