O ex-ministro da Cultura do Partido Socialista (PS) Pedro Adão e Silva admitiu ter percebido as declarações da Ministra da Administração Interna (MAI), Maria Lúcia Amaral, quando disse que o número de helicópteros na ajuda ao combate dos incêndios, era irrelevante.
No entanto, considerou, na antena da CNN, que "não foi a declaração mais feliz", mas concordou com a ministra no facto de que o número de helicópteros "não é mesmo o mais relevante no dia de hoje para compreender aquilo que se passa em Portugal de forma repetida".
O antigo governante afirmou que a pasta da Administração Interna "ganha com ministros" de caráter mais político, independentemente do partido que se senta no poder, e que Maria Lúcia Amaral não se enquadra nesse perfil. Mesmo assim defende que o importante é "procurar apagar fogos" e que "não lhe parece declaração tivesse prejudicado esse objetivo".
"Cada vez que focamos nesse aspeto estamos a descentrar a atenção do problema real", acrescentou o ex-ministro.
Adão e Silva realçou ainda que os problemas em causa, dos fogos em Portugal, são sistemáticos, e que "se tivéssemos aqui sentados em setembros estaríamos a dizer as mesmas coisas", assim como o mesmo seria verdade "se recuarmos mais dois ou três anos".
A estrutura das propriedades, "a forma como o país ocupou o território, o grande êxito rural para a cidade, com o abandono das terras" e até mesmo alguma "tensão política" entre bombeiros e municípios são alguns dos problemas estruturais no país que o ministro elenca.
O que disse a Ministra da Administração Interna
Em declarações aos jornalistas, quando questionada acerca do número de helicópteros disponíveis, Maria Lúcia Amaral afirmou que "não ajuda estar a saber quantos meios aéreos temos", notando que os "números são irrelevantes".
A governante destacou que, tendo em conta os incêndios que mais preocupam as autoridades, "a existência de 72 ou 76 ou 80 meios aéreos" seria irrelevante, "porque o que causa dificuldade aos operacionais é o caráter extremamente acidental da orografia, a dificuldade de acesso".
Já sobre o que poderá ter falhado para que estes incêndios se tornassem graves, a ministra disse: "Falha o que falha, falha que não queríamos que nada acontecesse no nosso país".
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