"É uma boa decisão, mas é certamente tardia. Não faltaram oportunidades, diga-se também a governos anteriores, para avançar com este reconhecimento", afirmou, em declarações à agência Lusa, o deputado do Livre Jorge Pinto.
Já em 2015, nas primeiras eleições às quais se apresentou, o Livre foi "o único partido que disse que uma das condições que teria em cima da mesa para apoiar um eventual Governo à esquerda seria o reconhecimento efetivo da Palestina enquanto Estado livre, independente e soberano", recordou.
"Aquilo que o Governo parece fazer agora é que, pressionado também por outros parceiros internacionais, com França à cabeça, percebeu que se calhar já não tem espaço para não avançar com esse reconhecimento", referiu Jorge Pinto.
Para o deputado do Livre, esta é "uma decisão necessária, mas tardia" e que "acontece quase mais por pressão exterior do que por pressão e vontade do próprio Governo", destacando também a importância da "pressão cidadã" para este reconhecimento.
"Este reconhecimento, a confirmar-se - e eu quero crer que há uma maioria parlamentar que o apoiará também - é importante, mas é preciso mais", alertou.
Jorge Pinto referiu que o seu partido tem apresentado propostas para que se faça um embargo ao transporte e venda de armas para Israel ou para que haja uma suspensão efetiva do acordo de comércio União Europeia-Israel.
"E uma coisa cada vez mais importante é que haja uma responsabilização judicial e criminal de todos aqueles envolvidos nos crimes de guerra e no crime de genocídio por parte de Israel em Gaza, como aliás aconteceu noutros casos semelhantes", defendeu.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou hoje que vai ouvir o Presidente da República e os partidos políticos com representação parlamentar com vista a "considerar efetuar o reconhecimento do Estado palestiniano" na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro.
"O Governo decidiu promover a auscultação de sua Excelência o Senhor Presidente da República e dos Partidos Políticos com representação na Assembleia da República, com vista a considerar efetuar o reconhecimento do Estado palestiniano, num procedimento que possa ser concluído na semana de Alto Nível da 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a ter lugar em Nova Iorque no próximo mês de Setembro", anunciou o primeiro-ministro, em comunicado.
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