O comunista António Filipe é candidato à Presidência da República, anunciou, este domingo, o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo. A candidatura será apresentada pelo ex-deputado comunista a 14 de julho, faltando ainda acertar o local.
Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, Paulo Raimundo esclareceu que o Comité Central decidiu pela candidatura de António Filipe "por unanimidade".
"Pelas suas características, pelo projeto que corporiza, António Filipe é o candidato agregador de todos os que se reveem na Constituição, independentemente das suas opiniões e posições políticas e partidárias. É o candidato da esperança para os trabalhadores, democratas, patriotas, mulheres e jovens que lutam por um Portugal mais justo, soberano e desenvolvido", adiantou ainda Raimundo.
Raimundo sublinhou ainda que António Filipe é um "candidato comprometido com uma luta, que nos tempos que vivemos é ainda mais necessária e urgente", luta esta "onde se confrontam os interesses da larga maioria do povo com a minoria que se julga dona disto tudo."
Questionado sobre se pode haver algumas conversações com o Livre ou com o Bloco de Esquerda - para que António Filipe seja 'assumido' como candidato da Esquerda -, Paulo Raimundo disse que esta é uma candidatura que "pode e deve congregar e alargar para o campo muito mais amplo do que o PCP".
Já confrontado sobre a possibilidade de António Filipe poder vir a desistir da corrida a Belém, visando reforçar a hipótese de um candidato da Esquerda passar a uma segunda volta das próximas eleições presidenciais, o secretário-geral do PCP afastou esse cenário.
"António Filipe é candidato a Presidente da República, não há nenhuma dúvida sobre isso. Se há coisa que esta candidatura - e o António Filipe certamente estará de acordo comigo sobre isto - é que condena resultados pré-estabelecidos. Quem decide sobre o futuro do país e quem decide sobre quem será o próximo Presidente da República é o povo", alegou o líder comunista.
Corrida a Belém 'reforçada' à Esquerda
Esta nova candidatura 'reforça' agora não só o número de candidatos à Presidência, como também a presença da Esquerda nesta corrida.
Este mês foi de 'abertura' aos candidatos deste espetro, com António José Seguro a anunciar, no início de junho, que ia avançar com a sua candidatura: "Decidi e anuncio hoje, no dia em que começa uma nova legislatura que vai exigir muito de todos nós: sou candidato a Presidente da República", referiu o antigo secretário-geral do Partido Socialista.
Já na semana que passou houve também espaço para um 'não' - de António Vitorino -, outro dos nomes do centro-esquerda que estava em cima da mesa. O socialista defendeu que "devia haver apenas um candidato nesta área política" e que a sua [eventual] candidatura "não reuniu consenso" para ser única.
O antigo comissário europeu para a Justiça e Assuntos Internos apontou ainda que o que dizia não significava que não houvesse ainda outra candidatura socialista: "Ainda estamos a sete meses do ato eleitoral", recordou.
E pode mesmo ter feito aqui um prognóstico, dado que, após a sua 'saída', o antigo ministro Augusto Santos Silva lamentou a sua decisão, e disse que iria consultar pessoas cuja opinião "preza" sobre a possibilidade de avançar para Belém. O também ex-vice-presidente da Assembleia da República irá anunciar se é candidato à Presidência esta semana: "Se tudo correr normalmente, e considerando os meus próprios afazeres profissionais, tenciono comunicar publicamente a decisão que tomar na próxima quarta-feira, 2 de julho."
Para já, apresentaram a sua candidatura a Belém António José Seguro, Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes e Joana Amaral Dias.
Nas eleições presidenciais de 2021, o PCP apoiou a candidatura do dirigente comunista João Ferreira, que ficou em quarto lugar, com 4,33%, 179.496 votos, atrás das candidaturas do presidente do Chega, André Ventura, da socialista Ana Gomes e de Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e CDS que venceu logo à primeira volta com 60,76%.
Ainda assim, João Ferreira ficou à frente da dirigente do Bloco de Esquerda Marisa Matias, que obteve 3,93% e do então candidato da Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves 3,20%.
[Notícia atualizada às 17h57]
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