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Raimundo foi de comboio levar o PCP ao futuro e surpreender os utentes

A estação Praias do Sado -- A marcou hoje o ponto de partida da viagem de comboio de Paulo Raimundo para chamar a atenção para as questões da mobilidade, ligando o futuro ao seu passado pessoal e ao do PCP.

Raimundo foi de comboio levar o PCP ao futuro e surpreender os utentes
Notícias ao Minuto

18:17 - 06/03/24 por Lusa

Política PCP

"Vivi aqui muitos anos, os meus pais vivem ali em Praias do Sado. Fazia este percurso de bicicleta para ir ali à praia da Saúde. Chamava-se Praia da Saúde, mas fazia um mal desgraçado... (risos) Fiquei imune a tudo o que era alergias", conta o líder comunista à cabeça de lista da CDU por Setúbal, Paula Santos, que segue sentada ao seu lado, enquanto os poucos passageiros que estavam na carruagem denotavam alguma surpresa pelo aparato mediático.

A viagem tem lugar em pleno aniversário do PCP, que cumpre hoje 103 anos de existência. "No dia do aniversário do PCP, nada como ter um transporte de futuro e um partido de futuro", frisa Raimundo, aconselhando os jornalistas a sentarem-se. "Ainda são uns 40 minutos de viagem. Quem sabe se na segunda-feira não temos de ir outra vez para a estrada", ironiza, em alusão às incertezas dos cenários políticos após as eleições legislativas de domingo.

Assume que a mulher tem passe e que ele próprio anda de transportes públicos "sempre" que é possível, o que parece ocorrer cada vez menos: "O problema é que sabemos sempre a que horas saímos de casa, mas raramente sabemos a que horas voltamos e isso torna a questão mais difícil".

Já sobre as greves constantes dos transportes públicos, defende que são um "mito urbano" e que "ninguém faz greve de forma leviana", contrapondo que a resolução do problema é apenas uma: aumento dos salários, como tem advogado ao longo da campanha eleitoral. E acrescenta que a CDU ainda quer reduzir o custo para os 20 euros mensais, sublinhando que tal só é possível com o reforço da Coligação Democrática Unitária (que junta PCP e PEV).

Não são apenas os jornalistas que vão ouvindo Paulo Raimundo. Nas cadeiras à volta do líder comunista seguem também alguns passageiros, nomeadamente jovens que frequentam os institutos politécnicos de Setúbal e do Barreiro.

João Silva, de 19 anos, é um desses jovens. Segue com um `fone´ no ouvido, mas vai escutando também a conversa do primeiro líder político que apanha no comboio. "Até fiquei surpreso quando entrei e vi tanta gente, nunca tinha apanhado um aglomerado assim de pessoas a entrar de manhã no comboio", revela, continuando: "Entrei a ouvir música e desinteressei-me do que estava a ouvir para ouvir o que está a ser falado aqui".

Para o estudante de Bioinformática, a iniciativa "tem o seu impacto, porque muita gente usufrui dos transportes públicos de manhã" e destaca o interesse em ver "políticos que dão a cara em espaços públicos", mesmo que possa estar longe das suas preferências políticas para o voto no domingo. À Lusa admite estar "indeciso entre três" partidos: AD, Livre e IL.

No entanto, elogia a iniciativa de Paulo Raimundo. "Os políticos deviam passar um dia inteiro no corpo de uma pessoa que tenha de usufruir sempre de transportes públicos e que não tenha nada privado. Faz falta esse contacto com a realidade. Uma pessoa só percebe que as outras estão mal quando passa pelo que essas pessoas estão a passar", garante.

Também Teresa Parreira, de 21 anos, ainda não sabe em quem vai votar nas eleições, mas sabe de experiência diária as dificuldades do comboio, como "os atrasos, as greves e as supressões sem aviso". E espera que a presença de um político possa ajudar a alertar para as falhas neste serviço: "Dá para ter uma noção dos pequenos problemas que geram um grande problema".

Sobre as eleições, assegura estar a debater com amigos e familiares para tentar chegar a uma escolha no boletim de voto. "Sou uma pessoa muito indecisa. É difícil ter uma certeza, gosto de explorar todos os lados para saber com qual mais me identifico", afirma, reconhecendo, entre sorrisos, que "não é habitual" ter um político no comboio.

No fundo da carruagem, Rosália Reis, de 27 anos, segue sentada de auscultadores nos ouvidos e alheia à confusão. Não tem dificuldade em identificar o líder da CDU, mas sobre a sua proposta de reduzir o passe para 20 euros, a jovem que trabalha nos passeios turísticos no rio Tejo prefere apontar outra prioridade.

"O transporte público é sempre bom, mas, se calhar, em vez de pensar primeiro em baixar os preços deveriam pensar primeiro em regularizar os transportes públicos para que eles funcionem bem. Acho que isso é o mais importante", anota.

Cerca de meia hora depois, a carruagem chega ao destino e é o momento de Paulo Raimundo se levantar. "De pé, ó vítimas da fome", graceja, recorrendo a um verso da música "A Internacional". A viagem continua, agora a pé para mais uma arruada.

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