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Frase de Guterres "não foi feliz", mas reação de Israel foi "exagerada"

O comentador Luís Marques Mendes falou sobre a polémica que se gerou quando o secretário-geral da ONU referiu que os ataques do Hamas "não surgiram do nada", e considerou que a reação de Israel foi "exagerada". O social-democrata falou ainda sobre o veto ao diploma de reprivatização da TAP.

Frase de Guterres "não foi feliz", mas reação de Israel foi "exagerada"
Notícias ao Minuto

22:56 - 29/10/23 por Teresa Banha

Política Luís Marques Mendes

O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) teceu, este domingo, alguns comentários acerca do veto de Marcelo ao diploma de privação da TAP, assim como comentou o conflito no Médio Oriente, nomeadamente, as palavras do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres, quanto à situação.

"Acho que é um veto benigno. Não é um  veto para criar dificuldades ao Governo, é um decreto para ajudar a que o processo de privatização da TAP seja transparente, sem suspeições. Não é para impedir a privatização, é para dizer: 'Não, ela tem de estar totalmente blindada do ponto de vista da transparência'", referiu, no seu espaço de comentário na SIC Notícias.

O social-democrata justificou a sua opinião com recurso à mensagem deixada aquando o veto foi conhecido. Marques Mendes refere que o Governo diz que pode privatizar a companhia área de 51% a 95%. "Bom, mas depois é o Governo que vai definir em concreto quando. Como não é um decreto-lei - não passa pelo Presidente da República, nem pela Assembleia da República - é preciso encontrar aqui mecanismos de controlo e de escrutínio", exemplificou.

O comentador defendeu ainda que o veto deste diploma está relacionado com o Executivo prever "contatos informais". "E o Presidente diz: 'Isso tem de ficar tudo registado porque não pode haver nestas matérias grande informalidade, dá origem a suspeitas de favorecimento".

O antigo líder do PSD mostrou-se confiante de que o Governo vai resolver estas questões, até porque vai ter "outro problema" que não está indicado no veto. "O Governo já vai ter nesta privatização da TAP um problema - que é o valor. Por quanto é que vai vender a TAP?", apontou, sublinhando que, pelo que sabe, as avaliações que foram feitas dizem respeito a "1/3 ou 1/4 dos 3,2 mil milhões que o Estado injetou na TAP". "Isto é mil milhões ou menos de mil milhões dos 3,2 mil milhões. Quando acontecer a venda isto vai gerar polémica. É bom que o Governo não acrescenta novas polémicas de transparência", avisou.

O conflito no Médio Oriente

Em relação ao conflito no Médio Oriente, Marques Mendes falou sobre as palavras de Guterres, que disse que os ataques do Hamas "não surgiram do nada".

"António Guterres, se voltasse atrás, não voltava a escrever esta frase no discurso", afirmou, acrescentando: "Esta frase não é feliz. E se for desinserida do contexto então ainda menos feliz se torna. Dá a ideia, mesmo que seja uma ideia errada - e é - de que ele está a legitimar aquele ato terrorista".

"Não foi uma frase feliz e acho que se voltasse atrás escrevia tudo igual, menos isto", reforçou. Marques Mendes lembrou ainda que outra parte da "polémica" diz respeito à reação de Israel perante este discurso, classificando-a de "exagerada e sem sentido".

Recorde-se que o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, pediu que António Guterres se demitisse "imediatamente" após ter dito que os ataques do Hamas "não aconteceram do nada". O comentador lembrou que o líder da ONU disse esta frase, condenando também a captura de reféns por parte do Hamas, assim como o grupo islamita em si.

"Acho que Israel não tem qualquer tipo de razão para fazer esta campanha que fez. Pode chegar à atenção daquela frase menos feliz, mas não pode nem deve generalizar a dizer quase que Guterres é quase um terrorista", notou.

Sublinhando que tinha um "enorme respeito por Israel", Marques Mendes apontou que esta atitude não é aceitável porque o país "não tem grande autoridade moral e política em matéria de respeitar as Nações Unidas - porque ao longo do tempo têm passado o tempo a desprezar resoluções" da ONU.

"Sobretudo nos últimos anos, com o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu e com forças muito de extrema-direita no seu governo, Israel tem tido um padrão de comportamento que também não é aceitável e que é muito negativo - que é consideram que estão acima de tudo. Acima de todos, da crítica, do escrutínio, acima do direito internacional. Acham-se uns intocáveis. Não digo que é o povo israelita - a elite que está no poder há vários anos. Nesse plano, acho que não é justificável a reação arrogante e até fundamentalista que Israel teve", rematou.

Leia Também: Declarações de Guterres? Telavive recusa vistos a representantes da ONU

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