O deputado do Partido Socialista (PS) Bruno Aragão comentou, esta sexta-feira, as declarações do ex-ministro das Infraestruturas da Habitação, Pedro Nuno Santos, na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, que disse que ele próprio quando "se demite, demite-se mesmo".
A frase poderia ser interpretada como um 'aviso' ao atual ministro das Infraestruturas, João Galamba, que no âmbito da polémica da TAP apresentou a sua demissão - que viu rejeitada pelo primeiro-ministro, António Costa - mantendo-se assim, até agora, no cargo.
Confrontando na CNN Portugal sobre esta situação e declaração, dita na audição da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) à TAP, o socialista foi questionado sobre uma eventual remodelação do ministro. "Interpretações são interpretações. Não foi a minha e penso que não foi sequer a intenção do ex-ministro Pedro Nuno Santos. Até porque a questão lhe era dirigida e lhe respondeu, naturalmente, nesse ângulo".
O socialista, que substituiu, em abril, Carlos Pereira no cargo de coordenador do PS nesta CPI, foi ainda questionado sobre se era a possível evitar a remodelação de Galamba. "Esse é um juízo que o senhor ministro e o senhor primeiro-ministro terão de fazer a todo o momento - não só sobre a TAP, sobre esta comissão de inquérito, mas em qualquer circunstância", respondeu, acrescentando que esta monitorização é algo que um governante deve "permanentemente fazer".
Bruno Aragão referiu ainda, no 'Primetime', da CNN Portugal, que algumas ilações políticas no âmbito deste assunto já foram retiradas até antes da CPI, "quando dois governantes do Partido Socialista se demitem até com bastante prontidão, percebendo o impacto do caso e também responsabilidade política e assumindo-a com muita coragem".
Em relação a conclusões, Aragão referiu que eram tiradas várias dos diferentes momentos da TAP, quer em termos da reestruturação, auxílios de Estado no seguimento da pandemia, entre outros. "O que devemos fazer é depois de 49 audições, dezenas de horas tentado apurar a fatualidade, conseguir a partir daí apurar, com isenção, aquilo que devemos apurar", notou, destacando que não lhe cabe a ele defender aqui o Governo ou à Oposição "atacá-lo".
"Consequências políticas terão de ser retiradas depois pelos governantes que estejam ainda em funções e tenham responsabilidade sobre este processo, se assim entenderem que daí resultam ilações a retirar - mas também com coragem, encerrado processos sobre o qual se criou uma determinada narrativa e que depois se vieram a mostrar processos infundados", atirou, exemplificando com a narrativa no início do ano que deu origem a esta CPI - "ainda muito centrada no processo Alexandra Reis".
"A narrativa era relativamente simples de como esse processo de saída tinha sido de alguma forma propositado para depois dar origem a uma indicação ou nomeação da ex-gestora para a NAV, e depois para o Governo - como se houvesse uma ligação entre estes factos, enfim, uma teia, que o Partido Socialista tinha". Neste âmbito, o socialista apontou que considerando como verdadeiros os testemunhos de quem passou pela CPI, "há uma coisa que fica clara", e esta é que "essa história do início hoje não tem fundamentação nenhuma".
Por agora, o socialista considerou ainda algumas coisas que são necessárias melhorar na gestão da TAP, nomeadamente, que tem de ficar claro o papel da CEO e o do presidente do Conselho de Administração.
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