"Não há duas maneiras de ver os resultados do CDS-PP, foram maus de mais, foram péssimos", disse à Lusa, por telefone, João Almeida, acrescentando que significam "o pior momento da história do partido, não só pelo resultado, mas pela consequência do resultado".
"O CDS é um partido fundador da democracia e, pela primeira vez, não estará no parlamento, e isso é algo que é impensável", afirmou.
Segundo dados provisórios da Secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, o CDS-PP obteve 1,61 % (86.578 votos) e não elegeu qualquer deputado, perdendo os cincos mandatos conquistados em 2019, sendo o pior resultado de sempre do partido em eleições legislativas.
Na sequência dos resultados, o presidente do partido e cabeça de lista por Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos, assumiu "todas as responsabilidades" pelo resultado e anunciou que apresentou a demissão.
João Almeida disse que fará "tudo" para que estes resultados não signifiquem o fim do partido.
"Tudo farei para que assim não seja, embora reconheça que é necessária uma reorganização do espaço partidário à direita. Não só pelo resultado do CDS (...), mas há também, à direita, outros resultados que merecem análise -- não me compete estar a entrar naquilo que são outros partidos, mas acho que temos de fazer uma reflexão no espaço da direita democrática porque há mudanças", apontou.
Ainda assim, João Almeida afastou a possibilidade de se voltar a candidatar à liderança do partido, por acreditar que o projeto que apresentou era "substancialmente diferente".
"Eu há dois anos apresentei um projeto substancialmente diferente daquele que veio a sair vencedor. Eu apostava na união do partido e apostava na diversidade existente dentro do partido, ganhou uma linha de um discurso de afunilamento, de purificação ideológica do partido", acrescentou, enaltecendo que o seu projeto "fazia sentido há dois anos" e que agora "será precisa uma nova análise, um novo projeto".
João Almeida vincou ainda que se comprometeu a deixar a vida política ativa a nível nacional e que "obviamente" não irá voltar atrás.
No domingo, o CDS-PP foi o sétimo partido mais votado, tendo ficado à frente do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e do Livre em percentagem e número de votos, mas não conseguiu eleger qualquer deputado, ao contrário destes dois partidos, que elegeram um deputado cada um pelo círculo de Lisboa.
Francisco Rodrigues dos Santos e João Almeida bateram-se em janeiro de 2020 no 28.º Congresso do CDS-PP, em Aveiro, pela liderança do partido, tendo o primeiro sido eleito com 46,4% os votos, seguindo-se a de João Almeida, que recolheu 38,9% dos votos.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
A abstenção desceu para os 42,04% depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.
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