"Muitas das consequências da crise e da aplicação de medidas de austeridade só serão avaliáveis no longo prazo e [este relatório] chama a atenção para as questões da fertilidade, natalidade, emigração e desemprego de longa duração e também para a quebra de rendimentos", disse à Lusa a deputada socialista Sónia Fertuzinhos.
No relatório 'Society at a Glance' - Indicadores Sociais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), o secretário-geral da organização que junta cerca de 40 dos países mais desenvolvidos, Angel Gurria, escreve que, no seguimento da crise financeira e económica que começou no final da década passada, "a prioridade deve ser garantir que as políticas sociais são 'à prova de crise'".
Em relação ao caso concreto de Portugal, a OCDE acusa o país de ser "pouco generoso com os mais pobres", referindo que a maior parte dos benefícios financeiros vai para os grupos com maiores rendimentos.
Para Sónia Fertuzinhos, o relatório da OCDE "merece ser bem estudado" numa altura em que se faz internamente o balanço de três anos de austeridade e em que importa saber o que será feito no futuro depois de terminada a aplicação do memorando da troika.
O documento "traz algumas certezas que confirmam algumas das preocupações que o PS tem manifestado relativamente às opções de aplicação de austeridade do Governo e que nos devem fazer refletir", sublinhou a deputada, alertando que é necessário prever o impacto "no médio e no longo prazo" das medidas tomadas hoje em dia, facto que, segundo acusa, o Governo nunca fez.