Eduardo Cabrita e o acidente em que esteve envolvido - que vitimou uma pessoa que realizava trabalhos de manutenção na A6 - foi um dos temas abordados, este domingo, no habitual comentário de Luís Marques Mendes na SIC. O ex-líder do PSD começou por apontar que, "ao contrário de algumas pessoas", não pensa que este seja "um caso de responsabilidade política". 

E explicou: "Porque um acidente de automóvel, infelizmente, qualquer um de nós pode ter. E, de resto, não era ele [o ministro] quem estava a conduzir". 

Contudo, não se tratando então de um caso de responsabilidade política, Marques Mendes considera que se trata de "um caso grave de insensibilidade social". "O ministro Cabrita não tem culpa daquele acidente, mas tudo o que aconteceu a seguir... ele já tem muita culpa". 

E, prosseguiu o comentador, "é feio o que ele não fez e feio aquilo que ele fez". "Ele não fez aquilo que devia ter feito. Neste acidente morreu uma pessoa. Houve uma senhora que ficou viúva, duas jovens que ficaram sem pai", apontou, acrescentando que o "ministro devia ter tido a decência de, um ou dois dias após o acidente, ter uma palavra pública de lamento, de consternação, de solidariedade". Não o tendo feito, sublinhou Marques Mendes, "isto é de uma insensibilidade enorme".

Outra ação "feia" de Eduardo Cabrita foi "um comunicado do ministério, ou seja, da responsabilidade dele, a insinuar que a culpa daquele acidente foi da vítima". Recordando que está a decorrer um inquérito que "há-de tirar conclusões", o Conselheiro de Estado considerou que, antes de este terminar, o ministro "tratou logo de 'safar a pele' dele, tentar condicionar o inquérito e atirar as culpas para a desgraçada da pessoa que morreu". 

"Isto é muito feio e mostra que isto é um caso de insensibilidade social" e, dissertou Marques Mendes, "se a situação do ministro Cabrita já era muito difícil no Governo, agora até do ponto de vista pessoal se tornou mais difícil". 

Na opinião do comentador, "há meses" que o ministro com a tutela da Administração Interna "não tem condições políticas para exercer a função". Agora, "são condições também de natureza pessoal". 

"Que ele [Cabrita] não perceba isto, já compreendo tudo porque ele há meses que descolou da realidade. O que eu tenho dificuldade em perceber é o primeiro-ministro", afirmou Marques Mendes. 

De lembrar que Eduardo Cabrita quebrou, esta sexta-feira, o silêncio em relação ao acidente em que esteve envolvido. Respondendo aos que apelam à sua saída do Governo, o ministro diz que a decisão está nas mãos do primeiro-ministro. 

"Neste apuramento dos factos, entendo que não existe nenhum cidadão que esteja acima do que é o quadro legal. Não desejo a ninguém, na qualidade de passageiro, ver-se envolvido numa situação tão dramática como esta", disse em declarações aos jornalistas, à margem da comemoração do 154.º aniversário da Polícia de Segurança Pública, em Lisboa. 

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