"Li, esta semana, no Público uma notícia com o seguinte cabeçalho: 'Tribunal Constitucional reduz ou perdoa multa aos partidos'.

O Tribunal Constitucional passados nove anos ainda anda a multar ou tentar multar alguns partidos, por irregularidades nas suas contas anuais e chega ao ponto de as perdoar.

Muitas dessas irregularidades passam pelas contas nas campanhas eleitorais.

A democracia enferma de defeitos e não existe sem partidos, contudo esses partidos não podem estar acima da lei ou contornar a lei para benefício próprio.

Quem 'mora' nos partidos ainda não percebeu que toda a gente está a ver o que andam a fazer, e o pior, os portugueses desconfiam muito da frequência nesses partidos.

Não se entende que uma empresa ou um cidadão tenham de cumprir com as suas obrigações e se não o fizerem são penalizados em tempo real. 

Os partidos, muitos deles recebem subvenção, isto é, dinheiros públicos, daí, o seu escrutínio e prestação de contas não pode demorar anos e anos e sem efeito prático.

A lei sobre o financiamento dos partidos deve ser revista e tornada mais simples e exequível. E, o mais importante, o seu não cumprimento deveria ser penalizado de forma exemplar.

Como uma empresa que não cumpre é fechada, um partido que não cumpre é extinto.

Os políticos e os partidos têm de perceber de uma vez por todas que não vivem lá em cima, que tudo lhes passa por baixo e nada lhes acontece.

Essa presunção tem sido um dos maiores cancros à imagem da política.

O problema é que os portugueses consideram e têm a noção que não há nada a fazer e a sua vingança é não irem votar – em atos eleitorais cerca de metade dos eleitores não se deslocam às urnas.

Quem está na política pensa que é para toda a vida, a chamada 'política usucapião'.

Estar na política deve ser entendido como uma passagem efémera e não um profissionalismo etéreo."