"Responsabilidade de fluxo de contágios é de todos: Governo e cidadãos"
Um artigo de opinião assinado por Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
© Joaquim Jorge
Política Artigo de opinião
"Este novo confinamento mostrou que no Natal não se manteve o guião, por causa disso, vamos ter umas semanas duras e estamos a ver as suas repercussões. Começámos um processo de vacinação muito badalado, mas já ninguém fala nisso. A vacina supunha o princípio do fim!
Este novo confinamento permitiu tirar algumas ilações: não se devia ter realizado o Natal; horários mais alargados, há menos filas e ajuntamentos; a vacina só por si não resolve o problema; irresponsabilidade de alguns portugueses; o governo no período natalício não esteve bem.
A decisão de permitir o Natal num período de restrições foi mau presságio. Não se pode dar indicações contraditórias e com falta de clareza, baralha, confunde e permite abusos. A decisão de ao fim de semana fechar às 13h foi contraproducente, há menos tempo para as compras de bens essenciais, mais filas, mais ajuntamentos, daí advêm mais contágios.
O tempo muito frio e o país envelhecido explicam o resto de contágios e mortes. Se a energia fosse acessível a mais gente era importante.
A responsabilidade deste novo fluxo de contágios é de todos: governo e cidadãos. A expansão do vírus depende dos exemplos dos governantes e das suas decisões, mas também, do comportamento dos cidadãos.
Aos portugueses não se lhes pode pedir que fiquem em casa e verem o PR e António Costa nas ruas, a almoçar em restaurantes, a ir a concertos.
A hora não é de apontar o dedo, mas estamos cansados que os políticos nos tratem como se fôssemos “meninos” e “ignorantes”, percebam que raciocinamos e temos ponto de vista sobre as suas decisões.
Há uma enorme contradição entre sentir uma profunda desconfiança dos políticos e a expectativa que são eles que podem resolver os nossos problemas.
Uma coisa é certa, o SNS não se preparou devidamente para este inverno, o SNS está à beira do colapso e todo o pessoal sanitário exausto. Este vírus provou que é preciso reforçar o SNS. O confinamento, sem uma política de saúde adequada para o seu controlo, rastreio correto, mais recursos, mais planificação para cuidados primários, não é a solução."
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