"A culpa foi de quem matou barbaramente o ucraniano"
Um artigo de opinião assinado por Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
© Joaquim Jorge
Política Artigo de opinião
"A propósito da demissão de Cristina Gatões, diretora do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), passaram 9 meses da morte do cidadão ucraniano, no centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa.
O que se passou é digno de um filme de terror, com agressões, espancamento e tortura que culminou na morte de Ihor Oksana Homenyuk.
Apercebi-me ao ver o início do telejornal de ontem, que pedem a demissão de Eduardo Cabrita. Então quem está à frente do SEF e responde por isso não é a diretora do SEF?
Eduardo Cabrita tem alguma culpa pela forma como as coisas foram tratadas? Eduardo Cabrita que gere um ministério deveras complicado, em que os incêndios atingem o expoente máximo de importância, só errou numa coisa. Exigia à diretora explicações cabais, de seguida, tomava a decisão de a demitir.
Eduardo Cabrita que me parece boa pessoa, ao não demitir em tempo real a diretora, viu sobrar para si este dossier, todavia, daí a tentar culpá-lo pelo sucedido vai uma grande diferença.
A senhora diretora já se devia ter demitido há muito tempo, contudo não nos podemos esquecer de que a culpa foi de quem matou barbaramente o ucraniano.
Agora, um ministro é obrigado a demitir-se e a assumir culpas do que não fez e nada tem que ver com isso!
Em Portugal há muito uma cultura do passa-culpas ou arranjar bodes expiatórios, neste caso, os culpados reais são os funcionários do SEF, que extravasaram as suas competências. E, terminam na diretora que supervisa o serviço de estrangeiros.
A partir daí não entendo a culpa do ministro Eduardo Cabrita neste processo! Nesse caso, a culpa é de António Costa que nomeou Eduardo Cabrita.
De seguida, passaria para Marcelo Rebelo de Sousa que aceitou o nome do ministro Eduardo Cabrita proposto por António Costa para o seu Governo. E que, mais tarde, aceitou a nomeação da diretora do SEF, Cristina Gatões proposta por Eduardo Cabrita.
Claro que nem Marcelo nem Costa nem Cabrita têm culpa do que se passou. A diretora tem em parte, por isso, deveria ter tirado as consequências políticas do que se passou.
Eu por nomear uma pessoa ou escolhê-la não sou responsável pelos seus atos.
É evidente que tem de haver responsabilidades e culpados e esses são os funcionários do SEF.
Infelizmente nada do que aqui se diz traz de volta a vida de Ihor Homenyuk, que tanta falta faz à sua família.
Há uma tendência em Portugal para demonizar certas coisas e deixar passar em claro outras."
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