"Acordos de PS e PSD deram sempre corte em serviços públicos e salários"
Catarina Martins comentou as declarações de António Costa sobre um possível acordo entre o PS e o PSD no âmbito do próximo Orçamento do Estado.
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Política Catarina Martins
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou esta terça-feira que os acordos entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD) sempre tiveram consequências negativas para os portugueses.
As declarações da líder do BE surgem depois de António Costa ter dito que o PSD não tinha "peste" ao ser questionado sobre um possível acordo com o partido liderado por Rui Rio, no âmbito do próximo Orçamento de Estado (OE).
"O PS acha que o PSD não é peste, mas eu acho que não é essa a discussão que está em cima da mesa. Qual é a orientação do próximo Orçamento do Estado? A política não pode ser um jogo de conveniências, tem de ser a afirmação de convicções e de projetos para o país. Os acordos formais ou informais entre o PS e o PSD deram sempre corte nos serviços públicos, nos salários e nos direitos do trabalho", atirou Catarina Martins, à margem de uma reunião com a Administração Regional De Saúde Do Norte (ARSN), no Porto.
Além disso, reiterou a parlamentar, "para haver acordos com o BE não pode ser só conversa, têm de ser apresentadas medidas concretas que defendam o emprego, os direitos de quem trabalha, os serviços públicos, desde logo o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
Profissionais de saúde já fizeram um milhão de horas extraordinárias
Catarina Martins aproveitou a presença dos jornalistas após a reunião com a ARSN para defender que os incentivos para o SNS "não são suficientes" e para salientar a importância do reforço (e descanso) dos profissionais de saúde.
"É necessário vincular os profissionais contratados temporariamente e contratar mais gente para o SNS porque só tendo mais recursos humanos é que vai ser possível ao SNS continuar a responder a uma pandemia, que não vai desaparecer de um momento para o outro, e manter todas as outras responsabilidades do acesso à saúde e da resposta à doença", sublinhou a deputada, acrescentando que esta é uma das maiores preocupações do BE.
"Esta é a nossa grande preocupação e insistência. Os que estão no terreno todos os dias já fizeram 1 milhão de horas extraordinárias só na primeira metade do ano. Precisamos de mais gente porque é a única forma de continuarmos a responder e de permitir que estes profissionais, que estão exaustos, possam descansar", frisou.
Recorde-se que, uma portaria publicada hoje em Diário da República aprova o regime excecional de incentivos à recuperação da atividade assistencial não realizada por causa da pandemia de covid-19, nos termos previstos no Programa de Estabilização Económica e Social (PEES).
O PEES, aprovado em junho, inclui, entre outros, mecanismos de reforço do SNS, designadamente para recuperar do acesso a estes cuidados de saúde.
Os incentivos previstos aplicam-se à produção adicional de primeiras consultas e de cirurgias necessárias para recuperar a atividade assistencial não realizada "e não prejudica a realização da atividade assistencial base contratualizada", refere a portaria.
Segundo os administradores hospitalares, estarão em atraso dezenas de milhares de cirurgias e mais de um milhão de consultas.
A portaria entra em vigor na quarta-feira, mas apenas produz efeitos desde a data de entrada em vigor da lei que aprova o Orçamento Suplementar para 2020 e até 31 de dezembro de 2020.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 573 mil mortos e infetou mais de 13,12 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.668 pessoas das 47.051 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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