O movimento pan-europeu Volt organizou, nos dias 2 e 3 de maio, a sua primeira assembleia geral 'online', depois de o encontro em Lisboa ter sido cancelado devido ao surto da covid-19. Neste encontro virtual, foi definida a estratégia para os próximos quatro anos, discutiu-se o futuro da União Europeia e apelou-se à "solidariedade incondicional entre as nações europeias", no contexto da pandemia.
Em comunicado, o movimento anunciou que na assembleia geral "os membros tomaram decisões para tornar mais profissional uma organização que ainda é muito assente no trabalho de voluntários, procurando prosseguir o crescimento estratégico rumo à eleição de 25 eurodeputados de sete países diferentes nas eleições europeias de 2024".
O Volt surgiu internacionalmente em março de 2017, como reação ao 'Brexit', iniciado por um coletivo de estudantes nos EUA. Andrea Venzon é o fundador do movimento 'Volt Europa', que já é partido político na Alemanha, Bulgária, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, Áustria, Luxemburgo, Dinamarca, França, Reino Unido e Suécia. Tenta agora constituir-se como partido em Portugal, onde surgiu em dezembro de 2017.
A Alemanha está representada pelo 'Volt' no Parlamento Europeu por Damian Boeselager, eleito nas últimas eleições europeias.
Em Portugal, o movimento entregou, em outubro do ano passado, no Tribunal Constitucional (TC), em Lisboa, cerca de nove mil assinaturas para a sua oficialização como partido no país, aguardando ainda uma decisão.
Contudo, tem já como objetivo participar nas próximas eleições europeias, que se realizarão em 2024. O Volt Portugal anunciou ainda a intenção de organizar em Lisboa, em 2021, a assembleia geral do Volt.
No encontro 'online' do passado fim de semana foi também aprovada a criação de um processo que permite a qualquer membro ser proponente de políticas e definido como objetivo estratégico o lançamento de campanhas de inovação social, "que tenham um impacto positivo na sociedade fora da arena política" - como é o caso da campanha #EuropeCares, dinamizada pelo Volt Europa, que já enviou mais de 15 mil máscaras para os campos de refugiados na Grécia.
Em declarações à agência Lusa, o Volt Portugal insistiu na importância dos 'coronabonds' para assegurar a liquidez dos estados-membros, considerando que uma resposta europeia comum "é fundamental", defendendo que o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) "é o mecanismo mais prático" para a emissão de dívida europeia. Defendem ainda a criação de um Tesouro Europeu, "que seja apoiado a longo prazo pelos estados-membros, responsável pela gestão do orçamento da UE".
O movimento classificou como "vergonhosa" a falta de coordenação entre líderes nacionais, acrescentando que "é preocupante que nem uma pandemia seja capaz de fazer vários chefes de governo pensar além dos seus próprios interesses nacionais".
Quanto à ação do governo português, o Volt Portugal considerou que o executivo está a dar "uma resposta positiva" à pandemia mas com falhas, nomeadamente nas medidas económicas que classificaram como "insuficientes".