No debate, no parlamento, sobre a renovação do estado de emergência, o deputado João Oliveira insistiu nas críticas à medida e por estar a ser "pretexto para uma ofensiva contra os direitos dos trabalhadores, com a imposição de todo o tipo de abusos e arbitrariedades".
"O Governo bem pode fazer declarações de intenções dizendo que recusa o regresso da política de 'austeridade', mas ela está aí, na vida dos trabalhadores imposta pelo patronato", afirmou.
Para o deputado do PCP, as declarações do Governo "de nada servem se, na prática, o estado de emergência continuar a ser o pretexto para fazer desaparecer emprego e direitos dos trabalhadores, para despedir abusivamente, para impor férias forçadas, para cortar salários ou impor a desregulação dos horários de trabalho com os bancos de horas e outros artifícios existentes na legislação laboral".
Numa entrevista à agência Lusa, divulgada em 11 de abril, o primeiro-ministro diz que não vai aplicar a receita de austeridade de há dez anos na resposta às consequências da pandemia.
António Costa assegurou que não tenciona aplicar no futuro "a mesma receita que há dez anos foi aplicada para enfrentar a crise".
"Podem estar seguros de que não adotarei a mesma receita, não só porque já na altura não acreditei nela, como, sobretudo, porque a doença agora é claramente distinta da anterior. Não há atualmente uma doença das finanças do Estado, que, felizmente, conseguiu sanear as suas finanças públicas. Esta crise é uma crise económica, global, que resulta de uma crise sanitária. Portanto, querer aplicar a mesma receita que já se demonstrou errada há dez anos seria agora duplamente errado", reforçou.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas.