Ana Catarina Mendes, nova líder parlamentar do PS, fez a defesa do regime democrático e da importância da Assembleia da República, depois de saudar a reeleição de Ferro Rodrigues como presidente do parlamento, sublinhando a "expressiva votação" que teve - 178 votos a favor em 230 possíveis.

"O Parlamento é a casa mãe da democracia e tem felizmente vindo a ganhar nos últimos anos mais importância. Todos os que aqui se sentam têm um mandato popular para honrar, mesmo os que assumidamente dão pouco valor à função de deputado ou os que aqui venham com a intenção expressa de a desvalorizar, cabe-nos a todos nós, todos os dias, defender a democracia", afirmou, sem identificar a quem se dirigia.

Fernando Negrão, do PSD, foi o segundo a falar, para dizer que "hoje é dia de festa da democracia", para de "celebrar a democracia" e defendeu que "é importante" fazer essa pedagogia.

"Estamos a celebrar a democracia, e isso é muito importante. Essa pedagogia é fundamental fazer-se, porque todos os dias corremos o risco de perder a democracia. E por isso é nossa obrigação todos os dias lutar por mais liberdade e por mais democracia", afirmou Negrão, que foi líder parlamentar dos sociais-democratas na anterior legislatura.

João Oliveira, líder parlamentar dos comunistas, fez igualmente a defesa do regime democrático saído do 25 de Abril de 1974.

E fez votos para que o parlamento "dê expressão concreta à defesa do regime democrático, à defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, à defesa dos direitos do povo português, direitos e valores conquistados com a revolução e Abril e consagrados na nossa Constituição".

José Luís Ferreira, do Partido Ecologista 'Os Verdes' (PEV), também se referiu aos desafios da democracia, assegurando que o seu partido procurará "credibilizar a vida democrática" e "dignificar o trabalho e a atividade deste órgão tão importante para essa democracia que é a Assembleia da República".

Quanto à agenda desta legislatura, o deputado do PEV destacou o combate às alterações climáticas como prioridade, saudando o presidente da Assembleia da República pelas iniciativas que prometeu tomar nesta matéria.

Todos os representantes dos grupos parlamentares, com maior ou menor ênfase, manifestaram a sua convicção de que Ferro Rodrigues vai cumprir o seu mandato com isenção e imparcialidade, mas Cecília Meireles, nova líder da bancada do CDS, deixou um pedido.

Depois de recordar que Ferro havia dito que o presidente do parlamento "é o presidente de todos os deputados", a deputada centrista pediu-lhe que se lembre "dessas palavras" em "todos e cada dia de cada sessão", prometendo, da parte da sua bancada, frontalidade e lealdade.

Foi nesse momento que Cecília Meireles cometeu uma gafe, trocando CDS por PSD, ao dizer a Ferro que podia continuar "a contar com a lealdade do PSD... do CDS nos procedimentos e no institucionalismo que sempre caracterizou o CDS".

Outras bancadas optaram por falar noutros temas, anunciando prioridades para a legislatura, como foi o caso do Bloco de Esquerda (BE), que através de Pedro Filipe Soares, apontou como "desígnio" para os próximos quatro anos o "aprofundamento da recuperação de rendimentos e de direitos que foi iniciado na anterior legislatura".

Pedro Filipe Soares interrogou se esse caminho irá ser prosseguido "ou se a última legislatura foi um mero parêntesis" e declarou que, pela parte do BE, os deputados "sabem quem estão aqui a representar e que nunca se enganarão em nenhum momento desta legislatura".

Para o PCP, "o objetivo que está colocado como mais imediato é o de defender aquilo que foi conquistado nos últimos anos, de aprofundar esse caminho e de levar mais longe essas medidas", disse João Oliveira.

A nova deputada e líder parlamentar do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês Sousa Real, defendeu que "o combate à abstenção deverá ser um compromisso sério desta legislatura", com "ferramentas e medidas concretas".

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