PCP e o ministro da "ficção cientifica" que vive em "terra de ninguém"
O ministro Manuel Heitor esteve esta quarta-feira no Parlamento para falar sobre emprego científico, mas as suas explicações valeram-lhe o epiteto de ministro da "ficção científica" que vive em "terra de ninguém".
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Política Deputados
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, foi ouvido na comissão parlamentar de Educação e Ciência a pedido do PCP que o convocou para que explicasse a recente entrevista que deu ao jornal Público na qual falou em "pleno emprego" entre os doutorados.
No final do debate em que os deputados confrontaram Manuel Heitor sobre emprego científico, a deputada do PCP, Ana Mesquita, considerou que o ministro "não conseguiu sustentar as declarações que proferiu" no início do mês.
Ana Mesquita recordou a onda de indignação dos investigadores e da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) assim como a carta aberta da ABIC que reuniu mais de mil assinaturas repudiando as declarações de Manuel Heitor.
Para a deputada, o ministro "vive num país das maravilhas", tendo em conta que todos os dias chegam ao seu conhecimento "casos de doutorados desempregados".
"Casos de doutorados que continuam com bolsas não é pleno emprego. Doutorados contratados a prazo não é pleno emprego", criticou, sublinhando que "pleno emprego é ingresso na carreira e contratação sem termo".
Também o deputado do PSD Duarte Marques teceu duras críticas ao ministro acusando-o de "ignorar" as perguntas dos deputados.
"Deixámos de ter um ministro da investigação científica e passamos a ter um ministro da ficção científica", ironizou Duarte Marques.
Luis Monteiro, do Bloco de Esquerda, afirmou que os deputados já estavam "habituados que quando se discute emprego científico, o senhor ministro muitas vezes decide ficar em terra de ninguém".
Sobre a declaração de existir pleno emprego entre os doutorados, Luis Monteiro disse conhecer pessoalmente "vários colegas que estão desempregados, outros a trabalhar em instituições à borla, outros que estão à espera do PREVPAP" (programa de regularização de trabalhadores precários).
Para o deputado bloquista, a afirmação de Manuel Heitor vai "para além do que é insultuoso, torna-se uma paródia".
"A discussão não é se o investigador vai escolher o comboinho, a chavenazinha ou o cavalinho do carrossel da precariedade", afirmou a deputada do PCP, Ana Mesquita.
Em resposta, o ministro lembrou o programa de estímulo ao emprego científico lançado pelo atual governo, garantindo que o emprego científico é "uma prioridade desta legislatura".
Manuel Heitor sublinhou ainda que a situação atual "é consideravelmente melhor do que a que existia há três ou quatro anos", mas que este "é um processo que demora o seu tempo".
"Portugal tem um deficit estrutural, apesar de uma evolução nos últimos 30 anos", afirmou, lembrando que a sua equipa fez "exatamente o que estava escrito e expresso no programa do governo, seguindo obviamente as orientações europeias".
Ainda sobre o PREVPAP, Manuel Heitor anunciou que falta analisar "apenas 12% dos processos" e que o PREVPAP "deverá terminar em breve".
"Dizer que este governo não olha para o PREVPAP é não saber nada do que se passa", afirmou o ministro.
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