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Partidos e Governo querem apurar responsabilidades dos prejuízos da CGD

Os partidos políticos e o Governo concordam na necessidade de uma investigação para apurar "todas as responsabilidades" dos ex-gestores da Caixa Geral de Depósitos na concessão de créditos que terão provocado prejuízos de centenas de milhões de euros.

Partidos e Governo querem apurar responsabilidades dos prejuízos da CGD
Notícias ao Minuto

06:30 - 24/01/19 por Lusa

Política Ernst & Young

Após a divulgação, pela comentadora da CMTV Joana Amaral Dias, de uma versão preliminar de um relatório de auditoria ao banco do Estado que revela irregularidades na atribuição de créditos, alguns sem qualquer tipo de garantia e em desconformidade com pareceres do próprio banco, partidos e Governo apressaram-se, na terça-feira, a pedir uma investigação.

O executivo, através do Ministério das Finanças, defendeu a adoção de "todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades" nos atos detetados pela auditoria da Ernst & Young com vista a tomar as "medidas adequadas" para defender o património do banco.

"O Governo solicitou à Administração da CGD [Caixa Geral de Depósitos] que fossem efetuadas todas as diligências necessárias para apurar quaisquer responsabilidades que possam advir da informação constante do relatório", garantindo que "continuará a acompanhar este tema, tendo transmitido ao Conselho de Administração da CGD a necessidade de tomar as medidas adequadas para a defesa da situação patrimonial" do banco, referiu o executivo, numa nota enviada à agência Lusa.

O presidente do PSD, Rui Rio, sustentou que este caso "merece seguramente uma investigação", aproveitando para recordar que "o Governo já tem há algum tempo esta auditoria".

"Não vejo como é que, quer por um lado o Banco de Portugal, quer por outro lado o Ministério Público, não tenham aqui uma tarefa a desempenhar para se perceber que decisões levaram a isto, e isto (...) são os milhares e milhões de euros que cada um teve de pagar em impostos para pagar tudo isto", salientou o líder social-democrata, em declarações aos jornalistas na sede do partido.

O deputado socialista João Paulo Correia concordou com a investigação, mas defendeu, em declarações à TSF, que cabe à administração da CGD procurar a responsabilidade civil de todos os ex-responsáveis que tomaram alegadas más decisões.

João Paulo Correia lamentou, por outro lado, "a forma como esta auditoria foi tornada pública", pela comentadora Joana Amaral Dias na CMTV.

O CDS-PP marcou para hoje um debate de atualidade com o Governo, no parlamento, para "clarificar o que está em causa e a responsabilidade" do Estado nas irregularidades detetadas na CGD.

João Almeida, deputado centrista, disse ser preciso "de uma vez para todas" clarificar "o que está em causa e a responsabilidade que o Estado tem", como acionista da CGD.

"Não deixaremos de cumprir a nossa missão, exigindo responsabilidade por créditos sem garantias, sem avaliar se havia ou não condições para o pagarem, de bónus pagos a administradores que causaram prejuízos", salientou João Almeida.

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou importante que o relatório da auditoria "chegue ao parlamento o mais depressa possível" e lembrou que o partido "empenhou-se muito para que as listas de devedores de todos os bancos que tiveram intervenção pública" fossem "entregues ao parlamento, não só da Caixa, mas de todos os bancos".

"Já pedimos o relatório. Esperemos que ele chegue ao parlamento o mais depressa possível", adiantou Catarina Martins, justificando não conhecer o documento.

Também o deputado Jorge Pires, do PCP, pediu o apuramento de responsabilidades "pessoais e políticas" sobre a gestão da Caixa Geral de Depósitos, declarando que o relatório tornado público na terça-feira "confirma um conjunto de preocupações" já expressas pelos comunistas "relativamente à forma como a CGD foi gerida ao longo destes anos".

"Há necessidade de apurar responsabilidades pessoais, mas também políticas, até porque alguns daqueles que se manifestaram contra o processo de recapitalização, que queriam impedir o Governo de aprovar dinheiros públicos para recapitalizar o banco público, são exatamente alguns daqueles que passaram pela gestão da CGD e têm grandes responsabilidades pelo que aconteceu ou então estiveram no Governo e foram ministros das Finanças", disse, em declarações aos jornalistas no parlamento.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por destacar o reconhecimento internacional relativamente à "estabilização crescente do sistema financeiro português", deixando para mais tarde um comentário sobre a auditoria.

"Não queria fazer comentários, mas penso que se há um dado importante que tem sido reconhecido por instituições internacionais é a estabilização crescente do sistema financeiro português relativamente àquilo que viveu ainda há poucos anos e essa estabilização é reconhecida não apenas, nem sobretudo, por nós, mas por instituições credíveis internacionais", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Revelado na CMTV por Joana Amaral Dias e depois noticiado em vários órgãos de comunicação, a auditoria da EY (antiga Ernst&Young) à CGD refere que os administradores da instituição receberam "remuneração variável" e "voto de confiança", mesmo com resultados negativos.

Segundo vários jornais, em 46 créditos de risco médio a elevado, a CGD emprestou 2,96 mil milhões de euros e perdeu 1,2 mil milhões, revela a auditoria pedida pelo Governo e que não tinha sido divulgada até agora.

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