"Governo pensava que ia ser um passeio mas está cercado de greves"
Marques Mendes considera que as diversas greves das últimas semanas estão a "desgastar o Governo". Afirma que estão a surgir movimentos de contestação que preocupam o PCP e o CGTP.
© Global Imagens
Política Luís Marques Mendes
O último ano da legislatura do Governo de António Costa promete ser marcado por greves e contestação social, como tem sido demonstrado recentemente com protestos que alastram a diversos setores. Um cenário que o Governo estaria longe de prever, disse Luís Marques Mendes no seu espaço de comentário semanal na SIC, e que até pode comprometer a maioria absoluta desejada pelos socialistas.
“Pode e de que maneira! Eu acho que o Governo pensou tudo ao contrário. Tinha pensado que esta parte final depois do orçamento era um passeio para a maioria absoluta, que depois do orçamento era campanha eleitoral mas, por contrário, está cercado de greves por todos os lados", sublinhou Marques Mendes.
"Há uma lição a tirar disto: quando não há oposição política feita pelos partidos, designadamente no Parlamento, e como não há vazios na política, esse vazio é preenchido nas ruas, nas empresas ou na administração pública, ou seja pelos sindicatos. Evidentemente isso desgasta o Governo”.
Mas Marques Mendes considera que não é só para o Governo que estas greves representam um mau augúrio. A contestação social está a mudar, um sinal que o comentador realça que não é bom para a CGTP e para um dos partidos da Geringonça, o PCP. Como exemplo, o comentador referiu a greve dos enfermeiros.
“É a primeira vez que vejo as centrais sindicais e o PCP contra esta greve. A CGTP está furiosa com esta greve e o PCP está de cabeça perdida com esta greve. Isto é uma novidade. A grande razão pela qual estão furiosos é outra. Estão a surgir em Portugal movimentos inorgânicos. Os sindicatos tradicionais falharam, estão esgotados. Não são só os partidos e os políticos que estão esgotados, os sindicatos também. Estão esgotados porque estão muito marcados politicamente, estão muito dependentes de estratégias partidárias, estão muitas vezes desfasados da realidade”, atirou o antigo líder do PSD.
Marques Mendes destacou o movimento dos ‘coletes amarelos’ e avisa que esses movimentos também vão chegar a Portugal, mesmo que “mais tarde”.
“O PCP e a CGTP gostam de fazer contestação na rua quando é controlada por eles. Se não é controlada por eles começam a ficar preocupados porque se a moda pega… Onde é que está a força do PCP? Está na rua. Se o PCP deixa de controlar a contestação na rua passa a ser irrelevante e nesse caso pode comprometer a sua sobrevivência”.
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