Coletes amarelos. "Campeão do Acordo de Paris" tropeça na primeira medida
Este fim de semana ficou marcado por protestos violentos nas ruas de Paris. O que está aqui em causa? Para Paulo Portas houve "um imposto mais" a servir de "gota de água".
© Global Imagens
Política Paulo Portas
A violência irrompeu pelas ruas de Paris este fim de semana, com desacatos a levarem à intervenção da polícia. Pelo menos 378 pessoas foram detidas, segundo um balanço da polícia local, que registou ainda 133 feridos.
O protesto conta com uma marca identitária muito clara: coletes amarelos. Começou primeiro por ser um protesto contra o aumento de um imposto sobre combustíveis mas a situação está já a abalar a popularidade de Emmanuel Macron.
Para Paulo Portas, que analisou o tema no seu espaço de debate semanal na antena da TVI, há alguns pontos a ter em conta para analisar o tema.
"Não me impressiona o número de manifestantes, nem sequer é excessivamente grande comparado com outros movimentos sociais em França", começou por afirmar, lembrando de seguida "a inclinação para a violência infelizmente tem uma velha tradição em França, é bom que nos lembremos que a Revolução Francesa conduziu ao chamado regime do terror".
O que impressiona Paulo Portas, explicou o próprio, "é que, evidentemente sem apoiar a violência e o caos, dois terços dos franceses darem razão às razões de queixa. E isso parece determinar o fim do consórcio feliz entre Macron e a França, ou até a certidão de óbito dessa relação. E acho que isso se vai ver nas próximas eleições europeias".
Na origem, explica ainda o antigo governante, este movimento é "inorgânico, a que se juntam depois obviamente extremistas e aproveitadores, a que provavelmente está ligada a violência".
"Mas na origem isto tem a ver com o aumento dos impostos sobre os combustíveis e nomeadamente o diesel, para ajudar, ou forçar as pessoas a fazer, uma transição para energias mais limpas. Resultado? Saiu à rua a França rural e a França semi-urbana. E é um pouco extraordinário que o país campeão do Acordo de Paris – tropece numa primeira medida para tentar alterar os comportamentos", afirmou.
"Os franceses de repente tornaram-se poluidores profissionais?", pergunta Paulo Portas, respondendo logo de seguida à própria questão: "Não, acho é que há uma gota de água que foi mais um imposto".
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