Monteiro regressa, por um dia, ao CDS para encontro de tendência
Manuel Monteiro, líder do CDS de 1992 a 1998, de onde saiu para criar a Nova Democracia, e ao qual admite agora voltar, regressa no sábado a uma iniciativa do partido, da tendência "Esperança em Movimento" (TEM).
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Política Antigo líder
Será num encontro, no sábado, em Lisboa, organizado pela tendência de Abel Matos Santos, que defende abertamente o regresso do antigo líder, e para o qual também está anunciada a presença da atual presidente do partido, Assunção Cristas.
Monteiro, convidado a falar sobre Portugal no Mundo, estará na mesma sala com Cristas que, enquanto presidente do partido, encerrará o encontro que a TEM batizou de congresso "Mudar Portugal".
Contudo, esta já não é a primeira vez que Manuel Monteiro participa, sem ser militante, em ações do partido.
Nas autárquicas de 2017, foi convidado por várias estruturas a participar em jantares de campanha, chegando mesmo a fazer uma arruada em Lisboa, de apoio a um candidato à freguesia de Alvalade.
Líder dos centristas entre 1992 e 1998, saiu do CDS, em rutura com Paulo Portas, para fundar o Partido da Nova Democracia, em 2003, extinto em 2010 pelo Tribunal Constitucional.
Candidato da Nova Democracia em Braga, Monteiro obteve apenas 0,7% dos votos e a sucessão de desaires ditou a fim do partido que disputava o espaço da direita ao CDS.
O seu regresso ao partido fundado por Adriano Moreira é defendido abertamente por Abel Matos Santos, da TEM, e visto com simpatia por outros quadrantes do partido.
Por exemplo, o conselheiro nacional e ex-deputado do CDS Raúl Almeida defendeu, em março deste ano, que é tempo de o partido "sarar velhas feridas", admitindo uma refiliação de Monteiro e sublinhando que o 'portismo' não existiria sem 'monteirismo'.
Um ano antes, em entrevista à Antena 1, Manuel Monteiro já tinha admitido um eventual regresso ao CDS.
"Se fizer alguma coisa, há de ser no CDS, se daqui a vários anos tiver, ou não, novo impulso para participar na vida política", disse, na altura.
Regressar para ser líder é que não. "Fui presidente do CDS uma vez, não voltarei a ser segunda. Não faz sentido", acrescentou.
Ao semanário Expresso, Assunção Cristas lembrou, na altura, ter sido Monteiro a sair do partido, reconhecendo que a figura do ex-presidente causa desconforto a um setor do partido.
"Não conheço bem Manuel Monteiro. Cruzei-me com ele uma vez. Saiu por sua vontade do CDS, criou um outro partido concorrendo contra o CDS", comentou.
Assunção Cristas avisou ainda que "essas histórias tocam em pessoas, levantam dificuldades, trazem ao de cima mágoas".
"Há tempo para tudo e certamente teremos tempo para que essas questões possam vir a ser amadurecidas e ultrapassadas. O que não quereria era colocar pessoas que estão muito próximas de mim numa situação desconfortável", concluiu.
A liderança de Manuel Monteiro no CDS ficou marcada por uma rutura com a política de anteriores presidentes do partido, nomeadamente em matéria europeia.
O "monteirismo" caracterizou-se por uma linha antifederalista, a favor da chamada "Europa das Nações" e foi neste período que o CDS juntou ao seu nome a designação Partido Popular. Foi deputado e também eurodeputado em Estrasburgo.
Jurista de profissão, Manuel Monteiro trabalhou no Banco Comercial Português e deu aulas em várias dificuldades, entre elas nas universidades Lusíadas de Lisboa e Porto, onde se doutorou com uma tese sobre o recenseamento eleitoral.
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