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Origem da poluição no Tejo "muito improvável" que seja ETAR de Abrantes

A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Abrantes "é tecnicamente muito improvável" que esteja na origem da poluição no rio Tejo, afirmou hoje o inspetor-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT).

Origem da poluição no Tejo "muito improvável" que seja ETAR de Abrantes
Notícias ao Minuto

20:32 - 05/02/18 por Lusa

País Rio

"Apesar de a ETAR de Abrantes não estar a cumprir os parâmetros a que estava obrigada, é tecnicamente muito improvável que esta referência de incumprimento tivesse capacidade para gerar aquele episódio" de poluição no rio Tejo, defendeu o inspetor-geral da IGAMAOT, Nuno Banza.

O responsável explicou que as análises da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelam "concentrações de outras substâncias que não são originárias em ETAR urbanas e que têm valores muito superiores àquilo que são os valores normais".

No âmbito de uma conferência de imprensa de apresentação dos resultados das análises efetuadas aos efluentes das ETAR urbanas e industriais descarregados no rio Tejo, Nuno Banza disse que o trabalho da IGAMAOT pretendeu "demonstrar quais são os principais descarregadores para o Tejo, qual é o seu contributo em termos de caudal e o seu contributo em termos de carga orgânica".

Neste sentido, os resultados destacam a importância da Celtejo que é responsável por 70,82% em termos de caudal e 89,81% em termos de carga orgânica.

"No caso da ETAR de Abrantes, a contribuição em caudal é de aproximadamente 15% e, em termos de carga orgânica, está na ordem dos 5%", revelou.

Das ETAR e indústrias onde a IGAMAOT recolheu amostras -- ETAR de Abrantes, ETAR de Mação, ETAR de Vila Velha de Rodão, Navigator e Paper Prime -, na Celtejo ocorreram "vários constrangimentos inusitados", pelo que os resultados desta empresa de celulose "são esperados na próxima semana", informou Nuno Banza.

A ETAR de Mação, a ETAR de Vila Velha de Rodão e as unidades industriais Paper Prime e Navigator cumprem os valores a que estão obrigadas, avançou o responsável, indicando que apenas a ETAR de Abrantes se encontra em incumprimento dos parâmetros a que está obrigada, mas não são considerados expressivos os incumprimentos.

Questionado sobre a Celtejo poder estar na origem da poluição no rio Tejo, o inspetor-geral da IGAMAOT recorreu aos factos para explicar que, dos seis maiores alvos, esta é a indústria com maior representatividade no caudal e na carga orgânica.

"Nestes seis maiores alvos, as proporções estão ali e são conhecidas. Não sabemos se vamos poder dizer que houve ou não houve um episódio, que aquela concentração de espuma se deve ou não a uma descarga pontual ou um fenómeno de descargas continuadas ainda que dentro ou fora da licença", disse Nuno Banza.

De acordo com o responsável da IGAMAOT, as imagens e a informação recolhida junto das albufeiras permite também perceber a "acumulação de uma carga orgânica muito expressiva, que, naturalmente, tem um impacto já considerado negativo e significativo na qualidade da água".

"Não estamos, neste momento, em condições de dizer se aquele episódio em concreto foi ou não originado por uma descarga pontual ou por uma ultrapassagem de um determinado limite a partir do qual aquele fenómeno ocorre", declarou o inspetor-geral, avançando que se pode "estar perante uma circunstância em que não só aquela como outras empresas possam estar a descarregar efluente autorizado por licenças que foram passadas num contexto diferente do atual".

Assim, "a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) encontra-se em processo de revisão das licenças", informou Nuno Banza.

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