“Reconhecemos o erro e, evidentemente, apresentamos desde já as devidas desculpas”, não só ao presidente e à Câmara, “mas também aos utilizadores” das instalações atingidas pelo corte de abastecimento de gás, afirma a empresa num fax enviado ao presidente do município, no dia 17 de maio, hoje divulgado na sessão quinzenal do executivo camarário.
Depois de ter feito “uma análise exaustiva do processo que conduziu a esta atuação”, a Galp Power concluiu que “o referido corte de abastecimento não deveria ter sido realizado”, salienta a mesma mensagem, endereçada ao presidente da autarquia, João Paulo Barbosa de Melo (PSD), e subscrita por Carlos Gomes da Silva, do conselho de administração da empresa.
A Galp cortou, no dia 15, o fornecimento de gás em “cinco locais de consumo da autarquia” (quatro escolas do ensino básico e mercado municipal D. Pedro V),alegando falta de pagamento de dez faturas, relativas a dezembro de 2012 e a janeiro deste ano, mas “que foram pagas em fevereiro” de 2013, garante o responsável pelos serviços financeiros da Câmara, chamado a intervir na reunião para prestar esclarecimentos sobre o assunto.
“A razão do erro em causa residiu no facto de não terem sido devidamente integrados no nosso sistema de gestão comercial os fluxos informáticos bancários referentes a alguns pagamentos efetuados pela autarquia”, afirma, no mesmo fax, a Galp, assegurando que “já estão a ser tomadas medidas” para “corrigir esta anomalia”.
Para o presidente da Câmara de Coimbra, “um pedido de desculpas não chega para resolver uma situação desta gravidade”, salienta João Paulo Barbosa de Melo, afirmando-se “indignado” e considerando “estranho, estranhíssimo”, o procedimento da empresa, “mesmo que tivesse razão”.
“Se isto acontece com uma Câmara e com escolas, o que acontecerá com “consumidores ‘normais?’”, questiona o autarca, adiantando que a Câmara “está a preparar um processo, para enviar ao regulador” – ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) – e que levará a “questão até às últimas consequências”.
O vereador Carlos Cidade (PS) defende que “a Câmara devia meter a Galp em tribunal” e, numa “declaração para a ata da reunião” camarária de hoje, enviada à comunicação social, sustenta que o “cancelamento [de fornecimento] de gás natural” a alguns serviços de Coimbra, no dia 15 de maio, se ficou a dever a “uma dívida acumulada em mais de 44 mil euros”, facto que foi “ocultado nesta reunião”.
A “questão essencial” é que há “uma dívida acumulada” da Câmara à Galp, “em mais de 44 mil euros, desde janeiro” de 2013, e “foi escamoteada”, assegura o vereador e líder da concelhia socialista de Coimbra.