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Máquinas que roubam trabalho "deviam pagar impostos"

O reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel Silva, defendeu hoje que as máquinas deveriam pagar impostos para se garantir uma situação de "neutralidade fiscal" em relação ao trabalho humano.

Máquinas que roubam trabalho "deviam pagar impostos"
Notícias ao Minuto

12:59 - 20/10/16 por Lusa

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Num mundo em que o avanço da tecnologia e, consequentemente da automatização, vai continuar "a destruir mais depressa [empregos] do que aqueles que constrói", será necessário garantir uma "situação de pelo menos igualdade, ou de neutralidade fiscal", entre as máquinas e os humanos, afirmou João Gabriel Silva.

"Num ambiente em que a geração atual deve pagar as pensões daqueles que estão aposentados, então nos casos em que objetivamente a máquina substitui as pessoas, essa máquina deve contribuir para as pensões dos que estão aposentados", disse o reitor da UC, dirigindo-se para uma plateia de jovens que vai participar na simulação da Conferência Internacional do Trabalho (CIT) em Coimbra.

João Gabriel Silva, engenheiro informático de formação, utilizou o exemplo das cabines das portagens das autoestradas para questionar o porquê de as máquinas que substituem as pessoas não pagarem "Taxa Social Única".

"Acho que deviam pagar", sublinhou, recordando que os encargos das empresas com impostos sobre o rendimento, bem como com a taxa de Segurança Social, "desapareceu" nesses casos.

Do ponto de vista fiscal, existe nestas situações "uma motivação económica enorme para a substituição de uma pessoa por uma máquina", constatou, considerando que a "desvantagem fiscal dos humanos nos postos de trabalho é brutal".

"No limite, as máquinas deviam pagar impostos e o trabalho humano devia estar livre de impostos. Aí, estaríamos de facto a defender-nos", realçou João Gabriel Silva, desejando que se encarasse de frente a automatização e que se começasse a pensar em pôr as pessoas "em pé de igualdade concorrencial com as máquinas".

O reitor da Universidade de Coimbra falava durante a sessão de abertura da simulação da Conferência Internacional do Trabalho (CIT), iniciativa que se realiza pela primeira vez na Europa e que é "inédita" em contexto universitário.

Na sessão, esteve também presente o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, que, em declarações aos jornalistas, descartou a possibilidade de se taxarem as máquinas.

Essa solução iria "onerar a fiscalidade das empresas", realçou, considerando que taxar "mais intensamente as empresas que mais se modernizam" não seria "um bom caminho", podendo "dificultar o progresso", que tem os seus riscos, mas também "muitas vantagens".

A simulação da CIT arranca hoje, com a primeira sessão plenária, e termina a 30 de novembro, com as conclusões da simulação da CIT.

Durante a sessão de abertura, a diretora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), Teresa Pedroso Lima, propôs que fosse criada a Cátedra da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na Universidade de Coimbra.

A dinamização dessa mesma cátedra na FEUC permitiria "fomentar a investigação e desenvolvimento de competências para a compreensão de múltiplas questões que desafiam o mundo do trabalho", convidando "cientistas de alto perfil e com reconhecimento internacional", explanou.

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