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"Houve alguns casos mais dramáticos até mortes de crianças e bebés"

As imagens das crianças e bebés dentro de embarcações lotadas e sem condições vão ficar marcadas para sempre na memória dos agentes da Polícia Marítima que durante um ano patrulharam diariamente o mar que liga a Turquia à Grécia.

"Houve alguns casos mais dramáticos até mortes de crianças e bebés"
Notícias ao Minuto

13:20 - 30/09/16 por Lusa

País Polícia marítima

"De todas as missões que já fiz esta foi a que mais me marcou por causa das crianças e dos bebés. É o que marca mais quem lá está, quem vive aquilo e sente todo aquele pânico. Não é fácil lidar com aquilo", disse à agência Lusa o subchefe Pacheco Antunes, um dos chefes da missão da Polícia Marítima (PM) na Grécia.

A equipa da PM, composta por seis agentes, terminou hoje uma missão de um ano na ilha grega de Lesbose e o principal objetivo foi salvar as vidas dos milhares de migrantes e refugiados que querem a todo o custo chegar à Europa, enfrentando o mar Egeu em embarcações com "excesso de lotação e "coletes falsificados".

Como exemplo, Pacheco Antunes referiu que os botes com capacidade para 10 pessoas viajam com 60 e as embarcações maiores chegam a ter 300.

"Ao mínimo de descuido e se aquela massa de gente se inclinar para um lado ou para outro, causa ali um problema e os coletes são falsificados", afirmou.

Quando questionado sobre o que mais marcou nesta missão, o agente da PM disse que foram as crianças e os bebés: "faz-nos vir logo à memória os filhos, quem tem filhos custa ver situações daquelas".

"Aqueles primeiros três meses da missão, e todo aquele frenesim de gente a chegar à ilha, que eram às centenas por dia. Houve alguns casos mais dramáticos até mortes de crianças e bebés. É nessas altura, que nos toca um bocadinho mais", sustentou.

A primeira tarefa dos agentes da PM quando encontram uma embarcação é tentar acalmar os migrantes e refugiados, tendo em conta o "pânico e a aflição" que sentem, com alguns deles a quererem "jogar-se para dentro de água" e a "entrarem em alguma histeria".

"Eles vêm sempre ao desconhecido, por vezes dá a sensação que não sabem ainda se estão ou não na Europa. Estão em situações muitas vezes delicadas dentro de água, cabe-nos a nós dizer quem somos, o que estamos ali a fazer e que os vamos ajudar. Passado um tempo, quando já estão na nossa embarcação é que se sentem em segurança", explicou.

Pacheco Antunes conta que os refugiados "não fazem ideia do perigo que correm", nem do que vão encontrar na água, porque "muitos deles nunca viram o mar".

"Se alguém daquelas redes os encaminham para as embarcações, a troco de muito dinheiro, embarcam naqueles botes conforme os obrigam e vão à sorte", disse.

O subchefe, que já tinha estado destacado em na ilha grega de Lesbos em 2014, refere que a missão que agora terminou foi "completamente diferente" devido ao elevado número de migrantes e refugiados que atravessam o mar Egeu.

Segundo o mesmo responsável, todos os dias chegavam várias embarcações à costa de Lesbos nos primeiros três meses da missão, tendo depois diminuido o fluxo, mas nas últimas semanas a quantidade de barcos que tenta chegar à Europa voltou a aumentar, devido às condições atmosféricas.

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