O auditório da Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV) está hoje a receber a segunda sessão de um julgamento que envolve 55 acusados dos crimes de tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa e detenção de arma proibida, relativos ao período entre abril de 2013 e março de 2015.
A primeira testemunha de acusação a ser ouvida foi o comandante da esquadra de investigação criminal da PSP de Viseu, António José Moita, que, além de organizar as operações, também esteve várias vezes no terreno.
Segundo o comandante, "havia dois grandes polos em Viseu de tráfico de estupefacientes, o Bairro da Balsa e o Bairro de Paradinha", e ambos traficavam na mesma altura.
No entanto, no Bairro de Paradinha o tráfico intensificou-se "após detenções no Bairro da Balsa", que motivaram a deslocalização de alguns dos arguidos para aquele bairro a partir de janeiro de 2014, explicou.
António José Moita explicou que, até essa altura, havia três pessoas que vendiam droga no Bairro de Paradinha, mas "sem qualquer caráter organizativo".
No entanto, a partir daí passou a haver uma lista de famílias "idealizada por quem teria influência superior naquele bairro", sendo que cada uma ficava encarregada da venda durante cerca de três dias e meio, explicou.
Posteriormente, "quando começaram a acontecer apreensões e detenções", criaram "outro caráter organizativo que seguia uma sequência lógica", pela ordem dos lotes de prédios do bairro, acrescentou.
Segundo o comandante, normalmente eram os homens que vigiavam e controlavam as entradas no bairro, davam indicações aos consumidores de onde se deviam dirigir e avisavam no caso de aproximação das autoridades ou de pessoas estranhas. As mulheres vendiam as drogas.
No entanto, chegaram também a ser usadas crianças e, "quando se sentiram mais pressionados", arranjaram consumidores "para controlar e vender" a troco de estupefacientes, nomeadamente um em dezembro de 2014 e outro em janeiro de 2015, referiu.
Para hoje, está prevista a audição das primeiras 18 testemunhas de acusação.