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Alunos e docentes de design contra trabalho não remunerado

"Sempre que trabalhares de graça, estás a prejudicar os outros" é o mote do protesto de professores e centenas de alunos de design que no Dia do Trabalhador vão afixar cartazes em várias cidades de Portugal.

Alunos e docentes de design contra trabalho não remunerado
Notícias ao Minuto

07:10 - 30/04/15 por Lusa

País 1.º Maio

"A falta de trabalho provocou o aparecimento de propostas de empregabilidade "eticamente reprováveis", que se traduzem no trabalho sem remuneração, como forma de entrar no mercado, afirmaram à Lusa os promotores do protesto.

Duas dezenas de professores e mais de 300 alunos de design de 18 faculdades portuguesas vão juntar-se na próxima sexta-feira, 01 de maio, para protestar contra a multiplicação das propostas de trabalho sem remuneração, como única forma de os jovens entrarem no mercado de trabalho.

"A iniciativa partiu de um conjunto de alunos e professores de design com base na necessidade de falar sobre princípios deontológicos fora da faculdade e de um assunto que nos afeta muito na nossa profissão, que é o facto de os alunos estarem a trabalhar sem remuneração", explicou à Lusa Gonçalo Falcão, professor de Design na Faculdade de Arquitectura, da Universidade de Lisboa.

"Os alunos não têm qualquer perspetiva de terem um trabalho remunerado e instalou-se uma prática na profissão, aceite por todos, e também pelos alunos, de trabalhar sem remuneração", salienta o docente.

"Depois de uma reflexão escrita sobre o que é o trabalho, o que é o valor do trabalho e em que situações se devem ou não trabalhar sem remuneração, foi criada uma campanha nacional de oposição a esta prática. Cada aluno contribui com um cartaz que será afixado no Dia do Trabalhador, numa rua da sua cidade", continua Gonçalo Falcão.

"O trabalho não remunerado afeta-nos muito, também porque a nossa profissão está mais desregulada, mas a mensagem abrange muitas outras profissões, diria mesmo quase todas, excetuando a Medicina", realça o professor.

"Com a diminuição da empregabilidade e com o aumento descontrolado do número de cursos, por exemplo em Portugal há 2350 vagas para design, um número absurdo, que faz com que não haja empregabilidade e portanto se recorra às mais diversas formas para conseguir entrar no mercado de trabalho, afetando toda a gente", sublinha.

Marta Oliveira, aluna de mestrado na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, explicou a mensagem que o cartaz que elaborou transmite: "fala na capacidade destruidora a que os estagiários se submetem quando aceitam trabalhar a troco de zero e dar de si a troco de absolutamente nada e mostro o papel destruidor que é o trabalho gratuito".

Já para Marisa Baixinho, também aluna de mestrado naquela faculdade, a ideia para o seu cartaz é a de que "a ilusão vive da tua ignorância, pois quem aceita trabalhar de graça, vive na ignorância de que é uma oportunidade que lhe está a ser dada, e na verdade não é".

"Vivem na ilusão de que vão criar contactos na área, de que vão conseguir aquele trabalho depois do estágio, de que vão fazer amizades, e isso não vai acontecer. Na maior parte das vezes, os estagiários saem desiludidos, porque não ficaram com o trabalho, porque a experiência que obtiveram não foi a desejada, e mesmo assim continuam ignorantes porque não se apercebem de que estiveram a pagar para trabalhar", diz Marisa.

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