"No mínimo, essa empresa deveria pedir desculpas, publicamente, aos familiares das vítimas", afirma Fernando Costa, numa missiva dirigida ao presidente da Estradas de Portugal, na qual diz esperar que "os verdadeiros responsáveis técnicos dirigentes dessa empresa assumam as suas responsabilidades, evitando mais atrasos ou demitindo-se perante a gravidade destas situações".

Na carta, intitulada "Mais mortes no IC2, em Leiria", na sequência de um novo acidente mortal, Fernando Costa solicita esclarecimentos "sobre o atraso do início das obras previstas há muito tempo para esse troço".

"Lembro que, no final do mês de outubro de 2014, numa reunião com dois deputados do distrito de Leiria e técnicos dirigentes das Estradas de Portugal foi-nos dito que as obras se iniciavam no final do ano 2014/janeiro de 2015, informação que tomámos como boa, tendo em conta que se trata de um troço com elevado índice de sinistralidade, onde no último ano morreram diversas pessoas e outras ficaram gravemente feridas", lê-se na missiva.

O dirigente social-democrata solicita, por isso, de novo, "o urgente início das obras".

"Sob pena de todos nós, mais ou menos, sermos responsáveis morais por tantas mortes, que já se poderiam ter evitado".

À agência Lusa, Fernando Costa considera o "atraso nas obras como grave, porque se já tivessem sido iniciadas, estas mortes não teriam acontecido", e salientou o "empenho da Secretaria de Estado dos Transportes para a execução da obra, mas o atraso é imputável à Estradas de Portugal".

Uma colisão no IC2, em Marrazes, concelho de Leiria, provocou no sábado dois mortos e dois feridos ligeiros.

Segundo a GNR, tratou-se de uma "colisão frontal entre dois veículos ligeiros", num acidente que "envolveu três carros".

Na terça-feira, a Câmara de Leiria aprovou, por proposta do seu presidente, Raul Casto, uma recomendação à Estradas de Portugal para executar com celeridade as obras no IC2.

A primeira fase das obras de requalificação da via foi adjudicada a 26 de março, mas aguarda pelo visto do Tribunal de Contas e, assim que houver 'luz verde', a obra arranca, informou na ocasião Raul Castro.

O concurso desta fase, numa extensão de 12 quilómetros, foi lançado em janeiro, com um preço base de cerca de 1,5 milhões de euros, informou nesse mês a empresa.

Estes trabalhos, que visam a melhoria das condições de segurança e circulação, vão decorrer no troço entre Leiria, no nó com a estrada nacional 109, e a zona do Barracão.

O projeto para esta obra, com um prazo de execução de 90 dias, prevê a introdução de separador central" nos primeiros 2,5 quilómetros do troço, adianta a empresa, esclarecendo que "na restante extensão do lanço a intervenção visa, essencialmente, a melhoria e readequação da sinalização e equipamentos de segurança, a reformulação de algumas intersecções existentes, com o objetivo de eliminar as viragens à esquerda".